Em cerca de 2 horas ao menos 15 pessoas perguntaram onde fica o banheiro; administração vai contratar mais funcionários
Inaugurada no dia 1º de fevereiro, a nova rodoviária de Campo Grande, terminal Antônio Mendes Canale, precisa ainda passar por adequações. Reclamações e elogios mostram que embora tenha sido necessária a obra – orçada em R$ 15 milhões – a administração ainda precisa entender o olhar da população para que cumpra o papel de garantir o transporte com qualidade.
O Midiamax ficou cerca de duas horas nesta quarta-feira (10) na nova rodoviária e neste período, 15 pessoas perguntaram ao motorista Reginaldo Coelho onde ficava o banheiro.
O taxista Sidnei Tinoco, 51, que há 33 trabalha como motorista, disse que os passageiros reclamam muito de ter somente duas lanchonetes e elas fecharem às 22 horas. “Fecham cedo demais. O camarada que vai embarcar de madrugada ou de manhãzinha e precisa pernoitar no terminal, não tem um lugar para tomar um café. Falta restaurante ou lanchonete 24 horas”, relata.
Os ambulantes também estão proibidos de aparecerem no terminal.
“Moço, pode fumar aqui?”. Não existe uma sinalização que responda a pergunta de uma passageira. A reportagem contatou a administração do terminal e a resposta é de os fumantes podem utilizar o espaço onde fica o público somente até o mês de abril. Após isso, vai valer a legislação municipal que proíbe fumar em locais onde há aglomeração.
WC
A placa que mostra ‘sanitários’ está bem na entrada do saguão perto das outras que mostram ‘embarque’ e ‘desembarque’.
Há passageiros que lêem, mas não entendem o significado. Muitos preferem perguntar. Mas, tanto no embarque como no desembarque a sinalização que mostra onde ficam os banheiros parece que não é enxergada.
De Curitiba, o casal Valdivino Soares Antones, 74, e Bernade Pereira, 60, reclamou da distância da área de embarque até onde fica o banheiro, cerca de 70 metros. Segundo ela, a viagem foi longa, pararam em Campo Grande para pegar outro ônibus e ir para Alta Floresta (MT). “Viemos de Eucatur, ônibus quebrou e era para chegarmos 6h chegamos quase meio-dia. Meu pé está inchado e tenho que andar tudo isso para ir ao banheiro”, reclamou.
De acordo com o casal, o terminal da capital do Paraná é muito melhor. “Lá em Curitiba tem quase que um banheiro por plataforma, não precisa andar tudo isso não e tem mais lanchonetes”, diz ela.
A administração do novo terminal de Campo Grande por outro lado explicou que enquanto em Campo Grande 5 mil passageiros passam por dia no novo terminal, Curitiba em um dia recebe o volume de pessoas que a capital de Mato Grosso do Sul registra em um mês.
Taxa de embarque
Um outro problema, citado pelos passageiros é a morosidade para ter acesso às plataformas de embarque. Na antiga rodoviária, a taxa de embarque (R$ 2,00) era inclusa na passagem. Agora, o passageiro tem que passar em uma catraca com o tíquete. Na hora do rush, forma-se fila. “É muita burocracia”, desabafa dona Bernade.
A enfermeira Cláudia Matos, 33, foi deixar o marido, Emanuel Costa, 32, na nova rodoviária. Um vidro separa o saguão do local de embarque. A despedida é feita através de uma ‘janela’.
“É muito ruim a gente que não vai viajar não poder ficar ali na plataforma. Mas, está ainda bem melhor do que era antes”, diz ela.
“Foi muito tempo naquela bagunça da velha rodoviária e as pessoas ainda não estão acostumadas”, opina Sandoval Pereira, encarregado operacional do novo terminal.
O fiscal da Agepan (Agência Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Mato Grosso do Sul), Antônio Augusto, 59, sintetiza toda a situação. “O povão é humilde, tem muita gente de idade, não está acostumado com isso aqui. Acho que até o meio do ano até passar todo mundo que vem do interior o pessoal se acostuma”.
A administração do novo terminal informou que hoje são 50 funcionários, mas a previsão é contratar mais gente para melhorar o serviço de informação.