Promotor diz que pararia carro mesmo se arrastasse um cachorro

O promotor de Justiça Douglas Cavalheiro, que atua no julgamento do domador de cavalos Fagner Gonçalves, acusado de matar o soldado do Exército Leonardo Sales da Silva, em 2008, após arrastá-lo com o caminhão que dirigia por um trajeto de 15 km, fez um duro apelo ao jurado: “se eu estivesse dirigindo um carro e recebesse uma ligação dizendo que meu veículo estivesse arrastando um cachorro, jamais eu seguiria por 5 km, 500 metros, 5 metros. Eu pararia imediatamente para socorrer o bicho”.

De acordo com o apurado no processo, Fagner Gonçalves continuou dirigindo o caminhão por 5 km mesmo após receber uma ligação do irmão que o alertou que um rapaz era arrastado pelo veículo. “O que digo agora [comparado com o cachorro] é juízo pessoal, se quiserem podem divergir, mas é o que penso”, disse o promotor aos sete jurados que vão condenar ou absolver hoje o domador de cavalos.

Fagner Gonçalves havia estacionado uma F-4000 em um evento que promovia rodeio, em 7 de junho, no Parque Lageado, em Campo Grande. Por volta da 1 hora da manhã, ele retornou ao veículo e teria discutido com alguns rapazes que estariam atrapalhando sua saída.

O domador de cavalos arrancou o caminhão em marcha à ré, atropelou o soldado, que ficou preso a um dos eixos, e seguiu ainda assim por 15 km. Algumas pessoas, uma delas irmão do domador, o seguiram de carro na tentativa de alertá-lo que o rapaz era arrastado.

Por meio de uma ligação telefônica, Fagner Gonçalves foi avisado pelo irmão, que continuou dirigindo por mais 5 km, até o Jardim Itamaracá, onde parou, tirou a vítima debaixo do carro e foi embora. Durante todo o trajeto, um casal amigo de domador, seguia carroceria do caminhão. No início da tarde, é a vez do defensor de Gonçalves, o advogado Abadio Rezende, fazer o pronunciamento. O resultado do julgamento deve ser anunciado até o final da tarde.