Presidente Lula volta a ironizar o TSE

“Hoje, vou ler meu discurso porque estou sendo multado todo dia. Daqui a pouco, vou ter que trabalhar o resto da vida para pagar multa”

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“Hoje, vou ler meu discurso porque estou sendo multado todo dia. Daqui a pouco, vou ter que trabalhar o resto da vida para pagar multa”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a se referir com ironia às multas aplicadas a ele pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por propaganda antecipada. O novo capítulo ocorreu ontem, durante o encerramento da Conferência Nacional de Educação (Conae). Penalizado em R$ 15 mil pela Justiça no mês passado, Lula disse ao público, de 3 mil pessoas, que iria se “conter” em suas intervenções. “Hoje, vou ler meu discurso porque estou sendo multado todo dia. Daqui a pouco, vou ter que trabalhar o resto da vida para pagar multa”, afirmou.

O tom comedido anunciado, contudo, restringiu-se a não pronunciar o nome da pré-candidata petista ao Planalto, Dilma Rousseff. Em pouco mais de meia hora, Lula lançou mão de grande parte do arsenal de críticas à oposição. O presidente mirou na política educacional dos governos antecessores e disse que as paralisações de professores “ajudam” os governos a elaborar novas estratégias para a educação. A frase tem como endereço o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo, comandado até ontem pelo pré-candidato à Presidência José Serra (PSDB).

Desde 8 de março, professores da rede pública paulista mantêm greve por reajuste de 34%. O governo de São Paulo não aceita negociar com os docentes enquanto durar a paralisação. “A cobrança de vocês, as conferências de vocês, as greves de vocês fizeram a gente entender que o governo bom não é aquele que governa dissociado do povo”, provocou. Em comparação velada ao antecessor, Fernando Henrique Cardoso, Lula disse que não ficará recluso em casa quando terminar o mandato. “Vai quebrar a cara quem pensar que vou ser um ex-presidente, porque vocês vão me ver andando pelo país”, prometeu.

Comício

O encerramento da Conae reuniu professores, parlamentares e ministros, como o da Educação, Fernando Haddad, Direitos Humanos, Paulo Vanucchi, e Igualdade Racial, Elói Ferreira de Araújo. Em clima de comício, vários discursos foram interrompidos por palavras de ordem entoadas pelo público, como: “O povo decidiu. Agora é a Dilma presidente do Brasil”. Responsável pela fala inaugural, Haddad não abandonou o tom político e chegou a bater palmas ritmadas com a platéia. O ministro defendeu uma política de remuneração para os docentes, com plano de carreira estruturado. “Temos que dizer qual será a remuneração mínima do trabalhador em educação daqui a dois, quatro, seis anos”, disse.

Mesmo sem Dilma ao lado, Lula deve manter a agenda repleta de inaugurações e de discursos até o início oficial da campanha, em julho. Na semana que vem, reunirá a nova equipe ministerial na segunda-feira e receberá estudantes no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde tem funcionado a Presidência da República durante as obras no Palácio do Planalto. Na terça, Lula irá ao Rio de Janeiro para acompanhar e inaugurar obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Complexo do Alemão. A agenda inclui a premiação dos 300 alunos classificados com medalha de ouro durante a Olimpíada Brasileira de Matemática. Participaram da competição 19 milhões de crianças e adolescentes.

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