Pedintes usam carro de som para contar drama vivido no sertão nordestino

Petrônio expõe a necrose no pé esquerdo, provocada pelo espinho de uma cobra cascavel, enquanto Amilton faz apelo ao microfone por donativos

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Petrônio expõe a necrose no pé esquerdo, provocada pelo espinho de uma cobra cascavel, enquanto Amilton faz apelo ao microfone por donativos

Pelo segunda vez em menos de seis meses indigentes vindos do Nordeste brasileiro voltam às ruas de Mato Grosso do Sul. Assim como da primeira vez em novembro do ano passado, uma dupla de homens desfila pelos bairros periféricos das cidades sul-mato-grossense pedindo a “ajuda da população”.

Os pedintes nordestinos atuam de forma ‘profissional’. Eles usam um veículo dotado de sistema de som amplificado para anunciar o “drama” que estão vivendo e aproveitam para pedir dinheiro às pessoas.

Desta vez a dupla é formada pelos agricultores Amilton Nicácio da Silva de 45 anos e seu irmão Petrônio de 36. Enquanto Amilton dirige uma velha Parati com placas MUI-4879 da cidade alagoana de São José da Tapera, Petrônio fica “esparramado” no banco da frente do veículo expondo a necrose que consumiu o seu pé esquerdo.

Durante todo o final de semana a dupla de alagoanos permaneceu em Dourados pedindo a ajuda, principalmente, dos moradores dos bairros mais pobres.

Petrônio conta que há um ano e quatro meses estava trabalhando no seu roçado quando pisou com o pé descalço na espinha de uma cobra Cascavel já morta.

O veneno da cobra, segundo ele, acabou entrando em sua corrente sangüínea. Petrônio acabou sobrevivendo mas perdeu três dedos do seu pé além de sofrer seqüelas em sua perna.

Amilton e Petrônio afirmaram que esta é a primeira vez que estão pedindo esmolas e já passaram por sete cidades do estado de Mato Grosso do Sul. Amilton disse que a Parati que usa para pedir esmolas foi doada por uma prima sua. A afirmação foi para explicar a sua origem pois num primeiro momento ele disse que morava em Mirassol do Oeste (MT).

Petrônio disse que o povo do Mato Grosso do Sul é muito generoso e quando não pode dar uma contribuição em dinheiro acaba doando gêneros alimentícios e outros objetos.

O porta-malas da Parati estava cheia de donativos. Petrônio disse que deu em Alagoas sua esposa e quatro filhos que dependem do que ganha nas ruas para sobreviver.

A primeira vez que uma dupla de pedintes nordestinos passou por Dourados e dezenas de outros municípios do Estado foi em nove de novembro do ano passado. Naquela época os primos José da Silva e Anaelson dos Santos pediam esmolas utilizando também um veículo Parati placas MVO-1501 da cidade de São José da Tapera (AL).

O deficiente físico Anaelson ficava exposto no porta-malas do veículo exibindo uma deformação congênita de suas costas enquanto que José dirigia a Parati e arrecadava as doações. Anaelson e José afirmaram que eram moradores da cidade baiana de Paulo Afonso localizada na divisa com o estado de Alagoas.

SÃO JOSÉ DA TAPERA

O município de São José da Tapera está localizado no sertão alagoano e fica distante de Maceió 240 quilômetros.

Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), a população de município em 2009 era de 31161 habitantes espalhados na sede e em cinco povoados.

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