Em encontro ontem com deputados distritais, o governador interino do Distrito Federal, Paulo Octávio (DEM), se comprometeu a não interferir nos processos de impeachment contra ele na Câmara local, deixando que as matérias sigam o trâmite regular na Casa, segundo informou a assessoria do democrata.

Paulo Octávio assumiu o governo após a prisão do governador José Roberto Arruda (sem partido), envolvido em um esquema de corrupção investigado pela Operação Caixa de Pandora. O vice é citado no inquérito, mas não aparece nos vídeos gravados.

Amanhã, o democrata deve se desfiliar do DEM. A saída do partido é uma forma de evitar a expulsão da legenda, tese que ganhou força entre líderes da legenda depois que Paulo Octávio decidiu permanecer no governo pelo menos até o STF (Supremo Tribunal Federal) decidir sobre o pedido de intervenção federal no DF.

Para evitar problemas partidários, alguns dos 12 deputados distritais que se reuniram ontem com o governador interino pediram que o encontro –previsto inicialmente para ocorrer na sede da vice-governadoria– fosse realizado em outro lugar. A reunião, então, ocorreu na casa particular de Paulo Octávio, no Lago Sul, em Brasília, sem a presença de jornalistas.

A assessoria do governador interino informou que três temas pautaram a reunião: a possibilidade de haver intervenção federal no governo do DF, a continuidade das obras que ocorrem na cidade e os processos de impeachment que tramitam na Câmara Distrital.

De acordo com a assessoria de Paulo Octávio, os 12 deputados consideraram a intervenção federal como “o pior dos cenários” e se comprometeram a atuar de forma a evitá-la. Porém, preferiu não divulgar o nome dos parlamentares para evitar problemas com as legendas. Uma das principais preocupações é com as obras em andamento. Com a crise, não há clima nem para o governador inaugurá-las nem visitá-las.

Nesta segunda-feira, a comissão especial que vai analisar os pedidos de impeachment contra Paulo Octávio e Arruda se reúne para escolher os relatores dos processos.

Arruda

O ministro Marco Aurélio Mello, que negou habeas corpus a Arruda em caráter liminar na semana passada, decidiu encaminhar ao plenário do STF (Supremo Tribunal Federal) o julgamento do mérito do processo. A análise da ação foi marcada para a próxima quinta-feira (25).

Ao negar o habeas corpus, Marco Aurélio manteve a prisão determinada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça). Arruda está preso há dez dias na Superintendência da Polícia Federal acusado de envolvimento em suposto esquema de corrupção no governo do Distrito Federal.

Arruda é acusado de ter participado da tentativa de suborno do jornalista Edson dos Santos, o Sombra, uma das testemunhas do esquema de arrecadação e pagamento de propina.

Na sexta-feira (19), o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e a subprocuradora-geral da República, Raquel Dodge, apresentaram ao STJ uma nova denúncia contra Arruda, por falsidade ideológica.

Na denúncia, Arruda é acusado de inserir informações falsas em quatro documentos entregues à Justiça declarando o recebimento de dinheiro de Durval Barbosa, delator do suposto esquema de corrupção no DF.

O advogado Arruda, Nélio Machado, afirmou nesta semana esperar que os ministros do STF “sejam sensíveis” e concedam liberdade ao governador afastado.

“Eu estou confiante. Agora, nos esperamos que os ministros sejam sensíveis e percebam que até agora o governador não foi ouvido sobre essa questão, que a prova que o STJ e o Ministério Público apresenta foi contaminada por uma pessoa destituída de credibilidade e que esse flagrante de suborno foi obscuro e que não há prova concreta contra o governador”, disse, na ocasião.