A presença de indígenas nas cidades é um fato comum em várias partes do mundo, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU). No Canadá ou no Chile, por exemplo, mais de metade dos índios vivem em cidades. A ONU lembra que o fenômeno não é novo e adverte que as cidades precisam reconhecer esses habitantes e respeitar seus costumes.

 

Uma das conclusões do painel do Fórum Urbano Mundial é que os indígenas deveriam ter garantidos os direitos à moradia na cidade e à escolha do tipo de casa em que querem morar. O fórum reúne, até sexta-feira (26) especialistas, representantes de povos indígenas e de governos de todos os continentes para discutir a presença de índios nas cidades no mundo.

 

Segundo o presidente da Funai, Márcio augusto Meira, seria importante que no Brasil órgãos como o Ministério das Cidades e a Caixa Econômica Federal tenham um olhar “diferenciado” sobre a questão dos indígenas nas cidades.

 

“Principalmente naquelas cidades onde a população indígena é comprovadamente significativa, como é o caso de Manaus, Boa Vista, Rio Branco e em cidades pequenas da Amazônia, como Tabatinga e São Gabriel da Cachoeira, onde a população indígenas, às vezes, é até majoritária”, disse.

 

Meira disse que o Brasil está avançando em políticas públicas voltadas para lidar com esse fenômeno e citou cidades que elegem índios como prefeitos e vereadores.

 

“Mas como é uma questão recente no Brasil, a gente precisa ainda aprofundar e consolidar mais esses avanços, até porque a Constituição brasileira garante o direito dos povos indígenas de serem reconhecidos na sua cultura e na sua crença”.

 

Meira lembrou que ser indígena é uma opção identitária tanto em sua terra tradicional, quanto na cidade. “Não é porque ele está na cidade que ele deixa de ser indígena”.