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Músicas de facções criminosas como CV e PCC invadem a internet

Uma série de áudios e vídeos com músicas funk do gênero “proibidão”, exibidos pelo portal Youtube na internet, está escancarando pela irreverência uma velha suspeita da polícia: as duas principais organizações criminosas do país, o Comando Vermelho, do Rio, e Primeiro Comando da Capital, o paulista PCC, estão construindo uma parceria que vai além do […]
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Uma série de áudios e vídeos com músicas funk do gênero “proibidão”, exibidos pelo portal Youtube na internet, está escancarando pela irreverência uma velha suspeita da polícia: as duas principais organizações criminosas do país, o Comando Vermelho, do Rio, e Primeiro Comando da Capital, o paulista PCC, estão construindo uma parceria que vai além do convívio nas cadeias. São dezenas de letras, marcadas pela criatividade dos artistas marginais, mas também de estímulo ao crime, descrevendo assaltos, tráfico de drogas, compra de armas e homicídios em que líderes e integrantes das duas quadrilhas são tratados como heróis e a polícia é ironizada e chamada de “terceiro” elemento envolvido nos conflitos, cuja recepção deve ser com rajadas de tiros.

A “melodia” Proibidão CV & PCC, visualizada nada menos que 134.777 vezes até sexta-feira, por exemplo, faz referência a uma invasão do Comando Vermelho numa favela do Rio e emenda com o aviso de que o bando vai invadir o presídio Bangu III para libertar um dos bandidos, identificado na letra como PT. Já o proibidão CV RL, com impressionantes 858.486 acessos, fala claramente na “conexão criminosa” entre CV e PCC, alerta o “vacilão” que o mundo rola, dirige palavras de baixo calão contra outra quadrilha, Amigos Dos Amigos, conhecida pela sigla ADA, e avisa que a “firma”, no caso o Comando Vermelho, “é forte”.

O Bonde do C.V.R.L, exibido 171.597 vezes, pede à “maloca” que acorde porque “o caveirão tá querendo subir” e, com imagens do blindado da polícia sendo rebocado ao fundo, descreve – com supostas rajadas de fuzis e metralhadoras marcando o ritmo – tiros que teriam acertado os pneus do veículo.

O áudio mais exibido leva o nome de Proibidão CV&PCC – hino do comando vermelho, com mais de dois milhões de acessos. Dois pesos pesados do crime, Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, do “CV” e Marcos William Herbas Camacho, o Marcola, do PCC, são “endeusados” pelos autores das letras e músicas funk.

Irreverência e brincadeiras à parte, a ligação entre integrantes das duas quadrilhas é uma das grandes preocupações das autoridades. Embora não exista indícios mais concretos de que líderes tenham feito algum pacto ao estilo de organizações mafiosas, há uma infinidade de casos pontuais sobre ações em conjunto. O mais grave deles foi o assassinato do corregedor da Penitenciária de Presidente Bernardes, interior paulista, Antonio José Machado Dias, em 2003, encomendado por Marcola. Um dos matadores, Adilson Daghia, conhecido por Di, antes de mudar para e integrar o PCC, pertenceu ao Comando Vermelho e era um dos homens de confiança de Fernandinho Beira Mar.

– Cada uma das organizações cuida de seu quintal. Eles trocam favores e eventualmente fazem negócios – diz o promotor Márcio Cristino, autor da denúncia que acrescentou a Marcola mais 29 anos de prisão, no mês passado, pela morte do juiz.

Cristino afirma que a amizade entre as quadrilhas teve como elo um dos fundadores do PCC, Cesar Augusto Roriz da Silva, o Cesinha, quando este, procurado pela polícia paulista, escondeu-se nos morros controlados pelo Comando Vermelho, no Rio, e depois dividiu cela com o criminoso conhecido por Chapolim, braço direito de Beira Mar. Cesinha seria o homenageado pela música Rap do Silva, assassinado na prisão e esquecido pela sociedade porque “era só mais um Silva que a estrela não brilha”, acessado no Youtube 244.883 vezes e sucesso antigo do gênero.

O delegado Rodrigo Bitencourt, da Unidade de Repressão aos Crimes Cibernéticos da Polícia Federal, frisa que o país vive sob um regime de liberdade de expressão, mas que é necessário analisar se as letras caracterizam um delito ou trata-se apenas da irreverência dos “funkeiros”.

– Quem postou pode estar incitando o crime – reconhece o delegado. – Nesse caso os autores podem ser enquadrados por apologia ao crime.

– O problema é que raramente há uma prova contundente, mas o Ministério Público, que tende a considerar essas letras como brincadeira de mau gosto, deve avaliar os casos – alerta o coronel José Vicente, presidente do Forum Brasileiro de Segurança Pública.

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