A profissionalização da população de rua como forma de garantir a chamada “porta de saída” da miséria a essas pessoas é o que pretende a prefeitura carioca com a expansão das vagas nos abrigos públicos do município. A iniciativa foi divulgada hoje (28) pelo secretário municipal de Assistência Social, Rodrigo Bethlem, que pretende aumentar a quantidade de abrigos de 3,2 mil para 4 mil.

Bethlem também vai instalar nesses locais centros de ensino profissionalizante, com previsão de início no primeiro trimestre de 2011. Os cursos terão ênfase nos setores da construção civil e do turismo, dois segmentos que vêm demandando um número crescente de postos de trabalho. Ao fim do curso, os alunos receberão um diploma.

“Queremos transformar esses abrigos em um espaço de reinserção social das pessoas que, por algum motivo, foram parar nas ruas. Temos que trabalhar principalmente a capacitação profissional e tentar inseri-las novamente no mercado de trabalho. Os abrigos não podem continuar a ser um depósito de gente sem ter as portas de saída”, afirmou.

O secretário explicou que o trabalho será multidisciplinar, não se resumindo apenas ao ensino profissional. Também abrangerá o apoio psicológico e o combate ao uso de drogas e álcool. “Primeiro temos que trabalhar a autoestima da pessoa, que normalmente está muito baixa. É uma situação que vai além da miséria, é uma desconexão absoluta com a sociedade. A pessoa está vivendo em um mundo à parte”.

O secretário não soube precisar o número de moradores de rua no Rio, pois a quantidade de pessoas é variável ao longo da semana. Segundo ele, existe a população de rua, pessoas que não têm onde morar, e população em situação de rua, que trabalha em atividades informais e não volta para casa durante a semana por não ter dinheiro para a passagem.

Para a prefeitura carioca, a linha da miséria é definida por quem ganha menos de US$ 1 por dia, cerca de R$ 1,70. Atualmente existem 25 abrigos públicos na cidade. O número exato de moradores de rua no país não é conhecido, mas informações do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), com base na Pesquisa Nacional sobre População de Rua, indicam cerca de 45 mil pessoas, incluindo dados levantados em censos paralelos feitos por prefeituras.