A candidata do PV à Presidência, Marina Silva, disse nesta segunda-feira (23), que acredita em sua ida ao segundo turno das eleições. Em caminhada pelo mercado Municipal de São Paulo, declarou que não se pode “cantar vitória” ou “entregar os pontos” antes do tempo na corrida presidencial. Na última pesquisa Datafolha, divulgada no sábado (21), Marina aparece com 9% das intenções de voto, atrás do candidato do PSDB, José Serra (30%), e da petista Dilma Rousseff (47%).

“Para aqueles que já estão ‘cantando vitória’ antes do tempo e para aqueles que já estão entregando os pontos antes do tempo, estou chamando o eleitor brasileiro para a gente virar esse jogo e irmos para o segundo tempo. O segundo tempo é irmos para o segundo turno”, disse.

Sem citar os adversários, ela ressaltou que ainda falta mais de um mês para a decisão do pleito. “Eu vejo que as pessoas ficam desanimadas, meio atordoadas, outros cantam vitória antes do tempo. Eu acredito na democracia e ainda temos 40 e poucos dias pela frente. E nesses 40 dias muita coisa pode acontecer.”

Para a candidata do PV, ainda há tempo para a comparação de biografias e propostas. “Às vezes uma determinada ansiedade em direcionar para este ou aquele lugar acaba criando saídas que não são as melhores para a democracia. Ainda há tempo de expor as histórias e as trajetórias e propostas dos candidatos para que a população faça a sua escolha”, disse.

Marina não confirmou se pretende usar a imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em sua campanha. “Eu vou dizer o que já disse anteriormente: tenho uma trajetória de 30 anos no PT e desses 30 anos [tenho] dedicada inclusive uma parte à eleição do presidente Lula. Mas podem ficar tranquilos, não vou negar minha história, mas também não vou fazer um uso oportunista da imagem do presidente.”

Marina disse que queria manter um “suspense” na campanha. “Vocês [jornalistas] querem uma eleição sem suspense, uma eleição com tudo já anunciado. Isso quem está fazendo são a candidatura oficial de oposição e a candidatura oficial de situação, em que tudo já é previsível”, afirmou. “Deixa um pouquinho de surpresa que aí fica mais interessante.”

Violência

A candidata chegou a comentar a implementação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no Rio de Janeiro, que começaram a ser instaladas na cidade em dezembro de 2008. Marina Silva classificou-as de “boa experiência”, mas que não devem ser usadas a longo prazo.

“É uma idéia muito boa, mas em lugar de fazer uma reforma da segurança pública para que essa boa experiência ganhe escala, as pessoas começam a usar como se já fosse a solução, como se o problema já estivesse resolvido”.

Marina criticou as cenas de violência registradas no Rio de Janeiro neste final de semana. “Pega-se um bom remendo e põe num tecido velho, e isso faz com que aconteça esse tipo de coisa. Nós precisamos ter políticas estruturantes, onde as UPPs estão dentro de um contexto de reforma da segurança pública”, defendeu.

Ao sair do Mercado Municipal, onde cumprimentou eleitores, Marina Silva fez uma referência indireta ao candidato do PSDB, José Serra. Após encontrar um guardador de carros identificado como José Carlos, ela comentou: “Seu nome agora está famoso, todo mundo agora quer ser ‘Zé’”, ironizou. “Zé” é como o candidato do PSDB, José Serra, foi apresentado na propaganda eleitoral no rádio e na TV.