A candidata do PV à Presidência, Marina Silva, classificou nesta quinta-feira (8) como uma situação “vexatória” a revisão feita às pressas no programa do PT entregue à Justiça Eleitoral e criticou o que chamou de “aliança pragmática” de seu ex-partido com o PMDB.

Para Marina, a primeira versão do programa do PT causou “desconforto” aos peemedebistas. O programa protocolado primeiro foi aprovado em convenção nacional do PT em fevereiro. A candidata Dilma Rousseff assinou a proposta, mas alegou que ela foi enviada por engano ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

“Não quero ficar fazendo a picuinha, eu quero discutir o que é grande para o Brasil, mas mesmo um episódio como esse é revelador das coisas. Talvez mesmo ali estivesse o programa do Partido dos Trabalhadores, mas o grupo da coligação botou o pé embaixo mesmo depois do programa protocolado, rubricado. Foram lá e tiraram”, disse a candidata do PV, durante discurso para aliados em Belo Horizonte. “É só para mostrar que quando as alianças não são feitas com base num conteúdo programático a gente às vezes passa por situações vexatórias como essa.”

Citando apoio de lideranças suprapartidárias, já que o PV não fez coligação com outras legendas, Marina afirmou que optou apenas por alianças programáticas. “Me parece que houve um desconforto do PMDB em relação ao programa que foi protocolado. E aí quando você tem a possibilidade de apresentar o teu programa, discutir com a sociedade e protocolar o programa que você acha que é o melhor sem que ninguém fique fazendo embargos ao programa, é menos vexatório”, reforçou depois a candidata, em entrevista.

O assunto também foi explorado pela coordenadora do comitê suprapartidário de Marina em Minas Gerais, a ex-deputada federal Sandra Starling, petista histórica, que deixou recentemente a legenda insatisfeita com a imposição do nome do senador Hélio Costa (PMDB) como candidato ao governo do Estado pela base aliada. Segundo ela, não houve equívoco e o PT, ao protocolar o programa original, buscou manter a “coesão interna” com a esquerda do partido. “Afinal de contas, qual é o programa? Se está assim antes, imagina se houver o depois. Acho que isso foi uma pequena amostra de uma coisa não inteiramente colocada, não transparente.”

Políticas sociais

A candidata do PV também criticou o que chamou de “briga” entre Dilma e o presidenciável tucano, José Serra, pela paternidade e o compromisso com as políticas sociais, como o programa Bolsa Família. Na opinião de Marina, trata-se de “insegurança” de quem não tem no “DNA” o “compromisso com os que não podem, não sabem e não têm, para que um dia possam, saibam e tenham”. “Em política pública não tem essa história de pai, nem de mãe, nem de tio e nem de avô. É política do Estado, do cidadão”, afirmou.

No encontro com os aliados, Marina voltou a dizer que não pretende entrar no “vale tudo” para chegar ao poder, pregou a necessidade de mais investimentos em saúde e educação e mais uma vez atacou a aprovação em comissão especial da Câmara dos Deputados do projeto de lei que altera o Código Florestal Brasileiro e flexibiliza as regras para a preservação ambiental. Ela já disse que caso seja eleita presidente vetará a proposta.