O presidente Lula voltou a atacar a imprensa ontem ao dizer que parte da mídia cobre ações do governo com “má-fé”. “Eu fico triste porque daqui a 30 anos, se alguém quiser fazer uma pesquisa sobre a história do Brasil e sobre o governo Lula e tiver que saber, ficar lendo, determinados tabloides (…) As coisas são assim, quando o cidadão quer ser de má-fé, não tem jeito”, concluiu, em discurso durante balanço do programa Territórios de Cidadania.

 As declarações de Lula foram dadas logo após o presidente comentar ações do governo ligadas ao PAC (Programa de Aceleração de Crescimento). O presidente afirmou que fica “triste” quando, pela manhã, vê algumas manchetes de jornal “porque eu acabei de inaugurar, no dia anterior, 2.000 casas e não sai uma nota no jornal. [Se] caiu um barraco, é primeira página”, criticou, ressaltando que a imprensa tem “predileção para a desgraça.

 O presidente subiu o tom das críticas à imprensa às vésperas de o governo lançar o PAC 2. O evento, na próxima segunda-feira, deverá marcar a saída simbólica da ministra Dilma Rousseff () para disputar a Presidência. Lançado em 2007 para impulsionar a economia, o PAC é usado hoje por Lula para mostrar o que seria a capacidade de gerenciamento da sua candidata ao Planalto, chamada por ele de “mãe do PAC”.

Recentemente, o programa recebeu várias críticas da imprensa por causa do atraso em obras. A Folha revelou que o governo federal maquiou balanços oficiais para encobrir atrasos nas principais obras do programa. Três de cada quatro ações que constam no primeiro balanço do programa não foram cumpridas no prazo.

 Ontem, Lula disse que o lançamento do PAC 2 é uma questão de “responsabilidade”. “Quem vier atrás de mim não pode perder um ano fazendo o programa”, justificou. Essa foi a segunda crítica de Lula à imprensa neste mês.

No dia 13, o presidente participou da abertura da 2ª Conferência Nacional de Comunicação e, no discurso, criticou editoriais feitos por quem ele chamou de “falsos democratas”. “De vez em quando é bom ler [editoriais de jornais] para a gente ver o comportamento de alguns falsos democratas, que dizem que são democratas, mas que agem querendo que o editorial deles fosse a única voz pensante no mundo”, disse o presidente que naquele momento recebia críticas por sua viagem a Cuba.

A plateia -formada principalmente por trabalhadores ligados à área rural e autoridades do governo federal- puxou coro, gritando “Dilma”. O presidente prometeu ainda um balanço no fim do governo, para mostrar o que foi feito em oito anos.

“Quando a gente está terminando o mandato quer saber, sim, quantas obras, quantos números”, disse, para completar depois: “Nós podemos fazer muito mais no próximo período.” Lula, no entanto, sugeriu que o fim de seu governo poderá não ser fácil por se tratar de um ano eleitoral.