“Ler é sonhar pela mão de outrem”. A frase do poeta e escritor português Fernando Pessoa (1888-1935) resume a sensação e as possibilidades proporcionadas pela leitura. Viajar por lugares distantes, nunca vistos nem imaginados é possível a bordo de um livro. Se a liberdade proporcionada pela leitura é instigante para os que podem escolher aonde ir, para os que ficam reclusos é uma alternativa para amenizar a saudade e preencher o tempo.

Com bibliotecas instaladas em 23 presídios de Mato Grosso do Sul, a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) procura incentivar a atividade entre os internos. Campo Grande, Dourados, Cassilândia, Corumbá, Naviraí e Bataguassu são alguns dos municípios onde há bibliotecas instaladas nas unidades prisionais. “Em alguns locais não existe espaço físico exclusivo destinado à biblioteca, mas há um armário onde as obras são guardadas”, explica a supervisora da divisão de Educação da Agepen Elaine Arima Xavier Castro.

Algumas unidades chegam a ter mais de 3,4 mil livros, como é o caso do presídio de Dourados. Em Campo Grande existem bibliotecas no presídio de Segurança Máxima, Instituto Penal, Presídio de Trânsito, além dos presídios femininos Irmã Irma Sorzi e o semi-aberto. Os livros religiosos –espíritas-, de auto-ajuda, de contos e poesias são os mais procurados. Segundo a supervisora, pode-se observar que as mulheres leem mais que os homens. A Agepen recebe doação de livros, que pode ser feita para a Diretoria de Assistência Penitenciária localizada na Rua Santa Maria, 1307, bairro Coronel Antonino.

O telefone para contato é o (67) 3901-1460. “Pedimos que sejam livros de leitura como romances, auto-ajuda e religiosos”, diz Elaine, citando as preferências dos internos. Quanto a revistas, a supervisora ressalta que as de artesanato ou as de informação recentes também são bem-vindas. Em Mato Grosso do Sul existem 9 411 presos em 44 unidades penais em regime fechado, aberto e semi-aberto. Do total de internos 840 frequentam as aulas ministradas dentro dos presídios. O estudo apresenta reflexos positivos no comportamento dos internos. “Os que estudam tem uma rotina estabelecida e disciplina diferenciada dentro da unidade prisional”, constata Elaine.