Um laudo de sanidade mental realizado por uma equipe especializada em Curitiba apontou que Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, o Cadu, acusado de matar o cartunista Glauco e seu filho, não possui capacidade de responder por seus atos, sofrendo de doença mental, segundo informações oficiais nesta sexta-feira.
Cadu teria assassinado as vítimas em março deste ano em Osasco, na região metropolitana São Paulo. O resultado dos exames realizados com o suspeito foi de “inimputabilidade penal”, que indica que o acusado não pode ser penalizado criminalmente porque não responde por seus próprios atos.
Em nota, o juiz federal substituto da 2ª Vara Criminal de Foz do Iguaçu, Mateus de Freitas Cavalcanti Costa, para quem foi encaminhado o laudo, afirmou que o conteúdo integral foi restringido para proteger a intimidade e privacidade do acusado e por razões confidenciais decorrentes da relação médico-paciente.
Com o resultado de insanidade de Cadu, seu advogado de defesa, Gustavo Badaró, pediu a transferência do acusado, que se encontra em prisão preventiva na Penitenciária Federal de Catanduvas, para o Hospital Psiquiátrico Complexo Médico-Penal do Paraná. Cavalcanti Costa afirmou que espera uma manifestação do Ministério Público Federal para tomar uma decisão sobre o requerimento.
Entenda o caso
O cartunista e seu filho, Raoni Villas Boas, 25 anos, foram mortos na madrugada de sexta-feira, dia 12 de março, com quatro tiros cada, na residência da família, em Osasco (SP). Os dois chegaram a ser levados para o Hospital Albert Sabin, mas não resistiram aos ferimentos.
Cadu, 24 anos confessou ter matado o cartunista Glauco Vilas Boas e seu filho, Raoni, e teria premeditado o crime, segundo o delegado Archimides Cassão Veras Júnior, de Osasco (SP), que investigaou o caso. Para ele, a ida de Cadu à chácara de Glauco, onde ocorreu o crime, teria sido planejada. O estudante contou que inicialmente pretendia sequestrar Glauco, mas como a ação deu errado decidiu matá-lo. A arma foi comprada dias antes, na periferia de São Paulo.
Glauco começou sua trajetória como cartunista nos anos 70, no Diário da Manhã, de Ribeirão Preto (SP). Ele publicou suas tiras também na Folha de S.Paulo e na revista Chiclete com Banana. O cartunista é famoso por ter criado personagens como Geraldão, Casal Neuras, Doy Jorge, Dona Marta e Zé do Apocalipse.
Na casa de Glauco, eram realizados cultos da Igreja Céu de Maria, que segue a filosofia do Santo Daime, prática religiosa cristã, ecumênica, que repudia todas as formas de intolerância religiosa. Os seguidores tomam o chá conhecido por esse nome. Para eles, a bebida amplia a capacidade perceptiva, criativa, cognitiva e de discernimento, elevando a consciência do ser humano.