O juiz Eduardo Rocha Machado, 53, 14 dos quais agindo na magistratura da cidade de Dourados, disse que ocupa interinamente a prefeitura do município até que “se restabeleça a ordem”.

Ele assumiu a prefeitura no sábado passado, três dias após a Polícia Federal por na cadeia as principais autoridades políticas da região, incluindo o prefeito, o vice, o procurador do município e presidente da Câmara dos Vereadores.

Para a Polícia Federal, o prefeito Ari Artuzi e seus comparsas conduziam um esquema que provocava um rombo de ao menos meio milhão de reais por meio de fraudes em licitações.

Na edição desta segunda-feira, 6.9, Eduardo Machado concedeu entrevista ao jornal Folha de São Paulo, onde disse que jamais pensou em seguir carreira política. Eis o diálogo do magistrado com o repórter Rodrigo Vargas.

Alguma vez o senhor pensou entrar para a política?

Eduardo Rocha – Nunca. Eu fiz uma carreira dentro da magistratura e evidentemente o magistrado pensa na carreira dele, e não na política. A possibilidade de ter de assumir a prefeitura passou a me preocupar no momento em que a imprensa tratou do assunto.

Como vê o desafio?

Eduardo Rocha – Olha, não é fácil. É uma experiência inteiramente nova. E como a decisão foi muito rápida, não tive muito tempo para me preparar. Mas o objetivo é restabelecer o comando da prefeitura, dar andamento em todas as atividades das secretarias e tentar restabelecer a ordem.

Quanto tempo irá durar seu mandato?

Eduardo Rocha – Não há prazo definido. dizer que, assim que restabelecer a ordem cessa a minha função.

Em seu discurso de posse, o sr. falou em “passar a limpo” o município. Como planeja fazer isso?

Eduardo Rocha – Fazendo auditorias o mais rápido possível, com a ajuda do Ministério Público. Estamos colocando pessoas de extrema confiança para nos auxiliar. Pelo que pude perceber cada secretaria tem seus problemas. Existem, por exemplo, muitas pessoas que recebem sem trabalhar.

Onde avalia que a situação é mais grave?

Eduardo Rocha – A situação da saúde em Dourados é caótica. Isso eu pude constatar em reunião com médicos e diretores de hospitais. Do jeito que estava, se o prefeito anterior continuasse no poder, em 15 dias a saúde do município pararia por falta de medicamentos, por falta de tudo. É um caos.

Por que decidiu manter o secretário Eleandro Passaia, que fez as denúncias?

Eduardo Rocha – Tive uma longa conversa com ele e dei a ele um voto de confiança. Senti que ele vai nos ajudar.

Como a população de Dourados reagiu a esse turbilhão?

Eduardo Rocha – A população se sente traída. Votou mal e está sentindo o peso que é colocar uma pessoa que não tem a mínima capacidade, administrativa ou moral, para exercer um mandato eletivo. Isso deve servir de lição para população de todo o país. A população tem que votar com consciência e eleger pessoas decentes.