Técnicos da CGU examinam os contratos efetuados por meio de licitações; com indícios de que o mesmo esquema funcionava em outras regiões, MPE promete abrir investigações em todo estado, segundo promotor de Justiça, Paulo César Zeni (foto)

As investigações sobre os contratos irregulares de empreiteiras com a prefeitura de Dourados, segunda maior de Mato Grosso do Sul, podem causar uma devassa em processos licitatórios de várias administrações municipais e órgãos de todo estado envolvendo as empresas implicadas na Operação .

Cinco técnicos da CGU (Controladoria Geral da União) foram enviados para Dourados, município abalado pelo esquema de corrupção que envolveu prefeito, vice-prefeito, nove dos 12 vereadores, diversos secretários e as empreiteiras que tocam as principais obras por lá.

Dependendo da apuração, a investigação da trama que fraudava licitações públicas pode alcançar outros municípios, informou o promotor de Justiça, Paulo César Zeni, que conduz o processo.

A missão dos técnicos é a de auxiliar o MPE (Ministério Público Estadual) na investigação. Embora ainda sem provas, o promotor Zeni disse que os contratos das obras serão examinados um a um e, segundo ele, se houver indícios de que o esquema agia também em outras cidades, a investigação pode ser estendida.

Em Dourados, de acordo com o inquérito da , chefiado pelo delegado Bráulio Gallone, de quase 3 mil páginas, as empreiteiras, como CGR, que pavimenta estradas no município e a Financial, que explora a coleta de lixo, pagavam 10% do cobrado pelos serviços ao prefeito da cidade, Ari Artuzi, do PDT, que está preso.

Num diálogo captado por meio de escuta da PF, entre um ex-secretário da prefeitura e um representa da Financial, por exemplo, é dito que a empresa pagaria R$ 120 mil aos vereadores da cidade, cuja tarefa era facilitar o processo de licitação municipal. A empreiteira CGR e a Financial doaram dinheiro para campanhas de prefeitos eleitos em 2008, segundo balanços registrados no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).