Há sete anos, o campo-grandense Nixon Ribeiro mora no Japão com os filhos. Ao Midiamax ele enviou um artigo sobre como foi sua vida na Terra do Sol. Alegrias, tristezas, equilíbrio e resignação. Eis o artigo: Todas as cores do meu Japão (por Nixon Ribeiro)

“O meu Japão sempre foi marcado por várias cores, na maioria das vezes colorido, outras vezes cinza, sem muita alegria, mas por gostar dessa terra, e me sentir bem vivendo aqui sempre procurou superar as vezes que meu mundo ficava escuro, e sempre tentei ir atrás do arco-íris para encher de cores minha vida aqui onde escolhi viver.

A primeira vez que vim, há 11 anos, tenho que confessar que apesar do bom salário e um bom circulo de amizades, não gostei do Japão. Fiquei aqui um ano e a correria diária foi deixando meu coração sem brilho, o vermelho acabou se tornando cinza e fui embora.

Passei quase cinco anos no Brasil, tentei viver lá, fiz faculdade, tinha meu negócio, mas a situação não estava fácil então voltei para cá onde já estou há 7 anos. Com a dificuldade no Brasil, comecei a dar valor a este país que me proporcionou uma melhor condição de vida. Vim juntar dinheiro para estudar inglês na Austrália e quando vim trouxe uns brinquedos infláveis e comecei a alugá-los para festas de aniversários de brasileiros.

Meu mundo se coloriu, eu fazia a alegria das pessoas, meu Japão era verde-amarelo e com isso ganhei mais dinheiro, consegui junto com minha esposa construir três casas no Brasil. A cor da esperança de um futuro melhor para minha família inundou meu coração.

Com o passar do tempo e por várias razões acabei me separando de minha esposa e meu coração nessa época se tornou sem cor, com dor, sofrimento, choro, brigas.

Com o passar do tempo e com a ajuda de amigos, família e muita força de vontade fui buscando aos poucos ir colorindo minha vida novamente, me reinventei, aceitei meus defeitos, reconheci minhas qualidades, me pintei de novas cores, estava pronto a começar de novo, e com isso, mesmo com problemas a serem resolvidos, dificuldades a serem vencidas a cor branca da paz invadiu meu coração. Isso me deu ânimo para seguir adiante, começaram a aparecer novas cores, corri, pulei, dancei, estudei, viajei, fiz amor, vivi todas as cores possíveis.

Conheci uma japonesa que iluminou meu coração novamente. Não consegui resistir à ela com aquele coração enorme, como diz uma música brasileira: “eu não resisti a tanto amor, o meu coração se entregou…” e hoje meu coração é vermelho e branco, todo neon.

O meu Japão é assim: verde, amarelo, vermelho, branco, algumas vezes cinza e outras vezes até mesmo sem cor, mas por mais que a situação esteja ruim e eu não consiga achar graça em cor alguma, aprendi a valorizar o fato de estar vivo, de poder enxergar, de ter amigos maravilhosos os quais foram fundamentais na época que eu estava sombrio, uma família amorosa que foi meu suporte a todo momento, filhos lindos, e valorizar os tempos de cor cinza e até mesmo de escuridão, pois quando a noite acaba e o dia amanhece você pode contemplar e valorizar mais ainda o simples e maravilhoso brilho do sol”.