Especialista em planejamento urbano e professor de Arquitetura da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Ângelo Arruda disse que os alagamentos, abertura de crateras e problemas com a drenagem do córrego Prosa, surgidos após a chuva de uma hora e meia que caiu ontem em Campo Grande tem uma só justificativa: “o Plano Diretor da cidade não tem sido respeitado”.
Para o arquiteto, ali na rua Ricardo Brandão, perto da região da Câmara Municipal, aos arredores do shopping Campo Grande, área mais afetada, a prefeitura tem autorizado a construção de prédios, sem se preocupar com a ocupação do solo. Arruda disse que cada edificação deve deixar uma espaço livre, no caso, segundo ele, para absorver a água da chuva.
“Sem espaço todo o volume da água cai sobre o trecho canalizado do córrego Prosa, que não suporta e aí aparecem os danos”, disse o especialista.
“A cidade precisa parar e encontrar um caminho para o seu desenvolvimento. O Plano Diretor precisa ser respeitado, caso contrário a população vai continuar sofrendo as conseqüências pela falta de planejamento”, disse ele.
O Plano Diretor é um instrumento criado para orientar a atuação do poder público e da iniciativa privada na construção dos espaços urbanos.
Ou seja, esse programa deve dizer, por exemplo, caso confirmada a tese do arquiteto, que ali na região do shopping seria um risco erguer tantos prédios como ocorreu na última década. A região é cercada de nascentes de córregos.
O arquiteto disse que a prefeitura deve investir pelo menos R$ 200 milhões em obras a serem executadas na região onde o córrego Prosa é canalizado. Ele acha que a conclusão dessa obra deve exigir o empenho de ao menos três prefeitos, isto é, uns 12 anos. Caso contrário a cidade vai ficar como hoje: “da noite para o dia tudo sendo levado pela enxurrada”.