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Enquanto IPEA aponta que miséria em MS pode acabar até 2015, na Capital, favela ainda é realidade

Prefeitura mandou famílias da Morada Verde deixarem os barracos, mas elas temem perder o emprego no núcleo industrial da saída para Cuiabá, um 'detalhe' desconsiderado pelas políticas públicas
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Prefeitura mandou famílias da Morada Verde deixarem os barracos, mas elas temem perder o emprego no núcleo industrial da saída para , um ‘detalhe’ desconsiderado pelas políticas públicas

Levantamento do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgado hoje, aponta que Mato Grosso do Sul pode acabar com a pobreza extrema em 2015, caso o Estado atinja anualmente os índices apontados pelo estudo. Mas quais políticas públicas seriam necessárias para por fim a esta realidade? Emprego e habitação teriam que estar englobados no plano de ação das prefeituras e governos, mas a realidade parece que contraria o que preconiza os estudos.

Na contramão das projeções dos especialistas no assunto, em , Capital de Mato Grosso do Sul, ao menos 60 barracos da favela Morada Verde abrigam trabalhadores do núcleo industrial, na saída para Cuiabá, que temem perder o emprego. No local, eles enfrentam o frio, a falta de saneamento e esperam pela chance de ter o direito à moradia.

Hoje, eles tentaram na Câmara Municipal frear o despejo anunciado pela Prefeitura, que tem projeto de urbanização naquela área. Foi dado às famílias uma semana para trocar a Morada Verde para a outra favela, a Cidade de Deus, que fica do outro lado da cidade, na região do Lixão do Bairro Dom Antônio, onde mais 200 famílias também aguardam para ter a casa própria em fase de construção naquela região. A disputa pela casa, financiada com recursos federais, pode vir a ser um problema grave, explica Índia Mara.

“O pessoal da Cidade de Deus diz que não cabe mais barraco lá. Não querem a gente lá, não vão aceitar porque eles esperam as casas que estão construindo. Aqui, o pessoal tem emprego perto, mas disseram para a gente que temos uma semana para sair e que vamos ter que adaptar a morar longe do serviço. Como é férias das crianças, disseram pra gente matricular os filhos lá no Dom Antônio”, relata a moradora após reunião com a Emha (Empresa Municipal de Habitação) que prometeu em seis meses por fim ao problema e entregar as casas aos que deixarem a Morada Verde.

Desabafo

Há dois anos, o operário que trabalha na construção de um condomínio em frente à favela Morada Verde, Seu Luiz (*), disse que fez o cadastro na Emha, mostrou os números marcados na madeira de seu barraco, onde mora com seis filhos. O tempo passou, outros foram beneficiados e hoje, um novo número na tábua mostra que ele e os filhos e netos ainda sonham com a casinha de alvenaria.

“A gente trabalha, não tem bandido aqui. Eu não tenho condições de pagar R$ 250, R$ 300 de aluguel, mas R$ 30 até R$ 60 eu pago, tenho serviço. Agora querem mandar a gente pra longe. Prometeram uma casa no Cerejeira, que fica aqui perto. Inauguraram e deram as casas pro pessoal das Moreninhas e a gente que está aqui não conseguiu. Por que?”.

Ele já viu pessoas chegarem e partirem dos barracos. A Emha chama o movimento de ‘oportunista’, ou seja, quando acaba uma favela, outros chegam para conseguir casas e depois, as vendem irregularmente.

Para Índia Mara, existe uma falta de fiscalização que prejudica as pessoas que realmente necessitam de habitação.

“Tem gente que chega aqui e monta barraco. Falam que é para a gente não deixar. Mas, como que vamos tocar quem tá precisando que nem nós?”, desabafa Seu Luiz (*).

“Tem é que ter padrinho político senão não consegue”, complementa o vizinho Seu Antônio (*).

O casal Jaqueline Mendes de Souza, 23, e Mizael Alves Souza, 26, servente de pedreiro, está há dois anos na Morada Verde. Com bebê ao colo e filhos de 3 e 5 anos, os pais estão preocupados em ter que fazer mudança neste frio. “Prometeram que vão ajudar a gente com lona lá [Cidade de Deus]”, disse Mizael enquanto meche no fogão à lenha. Jovem, o casal disse que a única coisa que querem é uma casa para morar.

Para finalizar, a netinha de Seu Luiz (*), Gabriele, 7, contraria o avô ao dizer que não quer mais morar ali na favela Morada Verde. “Quero uma casa com quarto para mim e minha mãe da cor rosa”, diz a criança.

(*) Nomes ficticios para preservar os moradores que aguardam na fila por uma casa

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