Bate-boca envolveu Paulo Corrêa e Ivan de Almeida; expansão de obras tocadas por Plaenge motivou a discussão

Em uma sessão com baixo comparecimento de deputados, os parlamentares Paulo Corrêa (PR) e Ivan de Almeida (PRTB) trocaram alfinetadas em plenário. O motivo foi a expansão das construções da empresa Plaenge, em Campo Grande. Os dois têm opiniões diferentes sobre o assunto e beiraram às ofensas pessoais.

Paulo Corrêa ocupou a tribuna da Casa para falar sobre seu projeto de lei que institui a política estadual de mudanças climáticas em Mato Grosso do Sul. A matéria determina que o poder público defina regras que evitem excessos em construções que impactem o meio ambiente.

Corrêa explicou que na elaboração do projeto contou com a ajuda da promotora de Meio Ambiente do Ministério Público de MS, Marigô Bittar. Na seqüência, concedeu aparte a Ivan de Almeida que cobrou atitude do MP diante excesso de construções da Plaenge às margens de córregos na Capital.

Engenheiro civil, Corrêa discordou do colega e citou que ele “não entendia de engenharia”. “Posso não entender de segurança pública, mas de engenharia eu entendo (…) Se tem alguém aqui com problemas pessoais com a Plaenge não vou entrar neste mérito”, disse.

O mal estar entre os dois teve uma pausa graças ao deputado Pedro Teruel (PT) que fez um aparte ao discurso de Corrêa na sequência. Também engenheiro civil, o petista destacou a importância do projeto de lei visto que as condições climáticas mudaram nos últimos anos.

Indiretamente, Corrêa voltou a defender a Plaenge dizendo que seu objetivo com o projeto era “privilegiar medidas sustentáveis de produção” e que não era justo culpar empresa A ou B por problemas ambientais. “Não tem prédio que seja construído sem conseguir licenciamento ambiental [da prefeitura]”, argumentou.

De volta ao microfone de apartes, Ivan mencionou que reconhecia a importância do projeto de Corrêa e alfinetou a promotora do Meio Ambiente. “Marigô não é engenheira civil e ambiental”, disse. Em seguida, começou a detalhar seu currículo para o colega.

“Sou administrador com mestrado e atuante. Me graduei no Exército e fiz mestrado na universidade federal, fora o MBA. Eu não sou leigo. Fui chefe da Polícia Militar que comanda a PMA [Polícia Militar Ambiental]. Já fiscalizávamos esta questão [construções perto de córregos] (…) Hoje não há mais beleza natural no Parque dos Poderes. Só tem prédios. Em relação ao meio ambiente a Plaenge causa muito mal a Campo Grande”, disse.

Ivan aumentou a tensão no local ao reiterar acusações que ele já havia feito anteriormente contra a empresa. “É que aqui [a Plaenge] tem privilégios, [alguém] recebe vai lá e cede. Não vou citar nomes porque eu não tenho provas”, mencionou deixando o microfone.

Mais uma vez Corrêa discordou. “Não incorporo vosso aparte. Se tem algum culpado pela existência de prédios no Parque dos Poderes é a prefeitura de Campo Grande”, citou. “Respeito o senhor, mas tem que tirar do quesito emocional. Se está dizendo que tem alguém que foi beneficiado com falcatruas tem que ter provas”, disse.

“Fico preocupado. Estamos discutindo meio ambiente e o senhor vem com outro viés. Cabe a quem acusa apresentar as provas (…) O Parlamento deve ser usado de forma responsável”, continua Corrêa.

Ivan que deixava o plenário fez uma última ironia ao passar pelos repórteres. “Vamos proteger a Plaenge!”, admirou.

Até deputados reclamam de sessão vazia 

A placa que conta a presença em plenário registrava que 13 deputados, assinaram a lista, mas Paulo Corrêa discursou para apenas cinco colegas em plenário. incluindo Ivan que debateu com ele, estavam em plenário Pedro Kemp (PT), Pedro Teruel (PT) Ary Rigo (PSDB) e Rinaldo Modesto (PSDB).

Dos 11 faltosos à sessão de hoje, dois encaminharam justificativa à Mesa Diretora Júnior Mochi (PMDB) por problemas de saúde na família e Marquinhos Trad que mandou avisar que faltaria, mas não apresentou os motivos. O baixo comparecimento irritou alguns parlamentares que reclamaram em rodas de conversa na Mesa Diretora.

O próprio Paulo Corrêa chamou atenção para a sessão vazia. Ele que quer marcar audiência pública para discutir seu novo projeto teme dificuldades. “Apesar do esvaziamento das sessões (…) Somos contratados pelo povo temos que estar aqui”, cobrou.

Além de Mochi e Marquinhos, não compareceram Celina Jallad (PMDB) que trata de problemas de saúde, Reinaldo Azambuja (PSDB), Akira Otsubo (PMDB), Onevan de Matos (PSDB), Amarildo Cruz (PT), Londres Machado (PR), Zé Teixeira (DEM), Maurício Picarelli (PMDB) e Antônio Braga (PDT).

Além de Corrêa também discursou na sessão de hoje, Pedro Teruel (promulgação de lei). Foram aprovados dois projetos de lei um do Tribunal de Contas do Estado e outro do Ministério Público Estado.

As sessões na Assembleia são realizadas de terça a quinta-feira, sempre pela manhã. Ontem, veio à tona movimentação de deputados para transferir a sessão de quinta-feira para segunda-feira. Veja detalhes na notícia relacionada.