Em meio aos escândalos de pedofilia crescentes na Igreja, milhares de pessoas participaram na praça de São Pedro do Vaticano da Procissão do Domingo de Ramos, presidida pelo papa Bento XVI e que abre os ritos litúrgicos da Semana Santa.

Oliveiras centenárias trazidos da região italiana de Apúlia, galhos de oliveiras procedentes da residência papal de Castel Gandolfo, ao sul de Roma, e palmas procedentes de Elche (Espanha) e Sanremo (Itália) enfeitaram a praça, onde o pontífice entrou no meio dos aplausos dos presentes.

Bento XVI, revestido com enfeites vermelhos e levando o cajado, presidiu a procissão, que saiu dos palácios pontifícios e se dirigiu rumo ao obelisco de Sisto V, instalado no centro da praça vaticana.

Na jornada na qual a Igreja lembra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, o papa chegou ao recinto vaticano no meio do cântico Hosana Diante do obelisco, adornado com flores vermelhas e verdes, o papa abençoou as palmas e os galhos de oliveira, símbolos da paz.

Depois leu o Evangelho de Lucas que narra a entrada de Jesus na Cidade Santa. Após a procissão, Bento XVI se dirigiu para o altar maior levantado no átrio da praça vaticana para rezar a missa.

Neste dia também se celebra a XXV Jornada Mundial da Juventude, este ano em nível diocesano. Milhares de jovens participaram da cerimônia.

Escândalos
Em meio às crescentes acusações de abuso sexual por padres na Europa e à pressão para que os bispos, em sua maioria na Irlanda, renunciem por não denunciar os casos às autoridades civis, o jornal americano The New York Times publicou uma reportagem sobre o reverendo Lawrence Murphy, acusado de abusar sexualmente de até 200 garotos surdos nos Estados Unidos entre os anos 1950 e 1970.

Entre os 25 documentos internos da Igreja que o jornal divulgou em seu site estava uma carta de 1996 sobre Murphy ao cardeal Joseph Ratzinger, então a principal autoridade doutrinária do Vaticano e agora papa, mostrando que ele havia sido informado sobre o caso. Segundo o New York Times, ele teria se recusado a punir o padre Murphy.

O Vaticano justificou, explicando que Joseph Ratzinger não havia sido informado senão 20 anos depois, quando o padre em questão estava velho e doente.

 Em outra edição, o jornal americano acusou Bento XVI, então arcebispo de Munique, de ter deixado um sacerdote pedófilo alemão retomar suas atividades numa paróquia, sob o risco de cometer novos abusos.

O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, desmentiu.