O dólar terminou a semana na menor cotação em nove meses, a R$ 1,720 depois de cair 0,17%, marcando a oitava baixa seguida frente ao real, em meio ao ambiente mais favorável ao risco no exterior.

A moeda americana manteve a trajetória de queda mesmo com dois leilões de compra de dólar no mercado à vista feitos pelo Banco Central (BC). Esta foi a terceira sessão consecutiva em que o BC atuou duas vezes.

“O mercado lá fora está com apetite por risco, e isso foi mais forte que os leilões”, disse o operador de uma corretora paulista, que pediu anonimato.

Mesmo com a agenda fraca, o viés nos mercados externos era favorável a ativos considerados de mais risco, com redução dos temores de uma nova recessão global.

Dados na China ampararam tal visão. As importações do país saltaram 35,2% em agosto sobre o mesmo período do ano anterior, superando a alta de 22,7% de julho e as previsões de 26,1% no mercado .

A reação de investidores foi positiva, principalmente porque o número indica fortalecimento da demanda chinesa, considerada um dos principais motores do crescimento global.

Assim, a bolsa de Nova Iorque subiu, mesmo movimento das commodities e do euro. Moedas de perfil semelhante ao real, como o dólar australiano e o canadense, se valorizaram.

A sequência de quedas do dólar no mercado doméstico, a maior desde junho do ano passado, ocorreu mesmo com as compras duplas de dólar pelo Banco Central. Segundo profissionais do mercado, a perspectiva de ingressos de recursos tem prevalecido.

“A gente até esperava que o BC atuasse mais fortemente, comprando mais. Mas os dados lá fora têm vindo melhores e desse jeito está difícil o dólar cair”, acrescentou o operador.

Analistas do BNP Paribas no Brasil apontaram, em relatório, que “o diferencial no crescimento e o ‘carry trade’ favorável são dois elementos que amparam essa visão” de força do real.