Dirceu tenta barrar avanço de Palocci

A 35 dias da eleição de 3 de outubro e confiantes na vitória de Dilma Rousseff (PT) no primeiro turno, os ex-ministros José Dirceu e Antonio Palocci disputam os rumos de eventual novo governo comandado pelo partido. Depois de emitir sinais contrários à possível indicação de Palocci para a Casa Civil, Dirceu luta agora para […]

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A 35 dias da eleição de 3 de outubro e confiantes na vitória de Dilma Rousseff (PT) no primeiro turno, os ex-ministros José Dirceu e Antonio Palocci disputam os rumos de eventual novo governo comandado pelo partido. Depois de emitir sinais contrários à possível indicação de Palocci para a Casa Civil, Dirceu luta agora para impedir que ele volte a ditar os caminhos da economia, a partir de 2011.

Os dois “generais” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva reeditam a queda de braço que travaram no primeiro mandato do PT para definir a fisionomia do governo. Abatido pelo escândalo do mensalão, em 2005, e cassado pela Câmara, Dirceu vislumbra perda de influência se Palocci – ex-ministro da Fazenda – assumir a Casa Civil sob Dilma.

A preocupação não é à toa: cabe ao ministro da Casa Civil coordenar a equipe, o que lhe dá muito poder e pode torná-lo candidato natural ao Planalto. Foi o que ocorreu com a própria Dilma, puxada para o cargo após a queda de Dirceu. Nove meses depois, em março de 2006, Palocci também caiu, no rastro da quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa.

Embora se movimente nos bastidores para evitar que o antigo colega vire uma espécie de “primeiro-ministro” de Dilma, Dirceu sabe que pode perder a aposta. Motivo: Palocci é um dos principais coordenadores da campanha e, além de tudo, tem Lula como padrinho. O plano do presidente é reabilitar o ex-titular da Fazenda na cena política.

Se Palocci for para a Casa Civil, o grupo de Dirceu – que quer empurrar o deputado para o Ministério da Saúde – espera uma “compensação”. Sob o argumento de que “o governo Dilma não pode ter a cara do ajuste fiscal de Palocci”, aliados do ex-chefe da Casa Civil defendem, agora, a permanência de Guido Mantega (PT) na Fazenda em dobradinha com “alguém de esquerda” no Planejamento.

Apesar das críticas ao “conservadorismo” do Banco Central, Dirceu não deverá se opor à manutenção de Henrique Meirelles, na cota do PMDB, desde que Palocci fique distante da seara econômica e Mantega não saia da Fazenda. Meirelles, porém, não pretende continuar no BC.
Mesmo com rachas internos, a corrente do PT Construindo um Novo Brasil (CNB) – integrada por Lula, Dirceu e pelo presidente do partido, José Eduardo Dutra – emplacará as principais indicações do petismo no eventual governo Dilma.

Nem todos da CNB, no entanto, falam a mesma língua. Palocci, por exemplo, também é da CNB, antigo Campo Majoritário, mas atua de forma independente e quase não tem ligação com a cúpula partidária.

Dirceu, ao contrário, procura frequentar todas as reuniões da corrente e do Diretório Nacional. Ex-presidente do PT, mantém um canal de comunicação com os militantes por meio de seu blog e tem papel discreto na campanha.

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