Capital sem estratégia para conter a dengue e violência em postos de saúde

Prefeitura diz que combate à doença depende mais da população e segurança pública é dever do governo do Estado

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Prefeitura diz que combate à doença depende mais da população e segurança pública é dever do governo do Estado

À beira de uma explosão de casos de dengue em Campo Grande e com agressões a médicos em postos de saúde, a prefeitura da cidade não tem qualquer nova estratégia para conter o avanço da doença e afastar a sensação de insegurança que os profissionais enfrentam.

O prefeito Nelsinho Trad (PMDB) se limita a dizer que a prefeitura tem feito a sua parte contra a proliferação dos focos e reclama atitude da população. Já sobre a agressão de pacientes a médicos – o último caso aconteceu na quinta-feira no posto de saúde do Nova Bahia – o prefeito dirige a reclamação ao governo do Estado, responsável pela segurança pública.

Este período pós-Carnaval aumentou a preocupação em relação ao avanço da dengue. As chuvas têm sido constantes, situação propícia para o surgimento de criadouros do mosquito transmissor da doença. Além do mais, com o feriado muitas casas ficaram fechadas dificultando o trabalho dos agentes de saúde que trabalham no combate aos focos.

Os últimos números divulgados por autoridades em saúde apontam que as notificações de casos de dengue na Capital, neste ano, chegam a 13,3 mil. O problema é que não se sabe se a doença já atingiu o pico ou se voltará a crescer.

O prefeito assegura que o monitoramento é constante, mas não há qualquer diferencial nas ações deste período. “Estamos cientes do que está acontecendo. As visitas [dos agentes de saúde] estão sendo feitas. As pessoas têm que ter atitude. Isso não é culpa do governo. As pessoas têm que eliminar os focos de suas casas”, afirma o prefeito da Capital.

“Não estou jogando a culpa na população, mas eu é que não tenho culpa se 80% e 90% dos focos são encontrados em residências (…) Continuamos investindo na conscientização, no fumacê com veneno diferenciado e na divulgação em geral”, completa o prefeito.

Falta de segurança

A agressão ao médico no posto do Bairro Nova Bahia resultou da demora no atendimento e não foi o primeiro caso. O plantonista foi agredido pela mãe e dois filhos de 18 e 20 anos que buscavam atendimento no local.

No dia 8, uma paciente agrediu uma médica no Coophavilla II. Já no dia 21 de janeiro, na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Vila Almeida, funcionários foram agredidos por pacientes cansados de esperar pelo atendimento.

No dia 4 de fevereiro, uma mulher revoltada com o atendimento no Posto de Saúde do bairro Pioneiros , ameaçou dar um tiro em um funcionário e no guarda que fazia a segurança do local. Já no dia 11 de fevereiro, no Posto de Saúde da Vila Almeida, uma funcionária foi xingada.

O avanço da dengue tem relação com as agressões, uma vez que lota os postos de saúde e torna o atendimento mais demorado.

A Secretaria Municipal de Saúde tem mudado a disposição dos médicos conforme o número de casos de dengue na região. No início deste mês, o secretário Luiz Henrique Mandetta explicou que no Coophavila II, por exemplo, já chegou a ter 10 médicos, quando a região era um ponto crítico da doença.

Para a prefeitura, a contratação de mais médicos depende da segurança no local. “Já falamos com o Jacini [Wantuir Jacini, secretário de Segurança Pública]. A prefeitura sabe deste problema, mas não dá para atuar sozinho. A gente precisa do Estado e da força da Policia militar”, explica o prefeito.

Em 27 de janeiro, seis dias depois a agressão à médica da UPA da Vila Almeida, Nelsinho manteve reunião com Jacini para pedir policiamento nos postos de saúde. No caso das UPAs que funcionam como postos/hospitais, as regras do Ministério da Saúde exigem policialmente constante no local.

Jacini esclareceu que, por enquanto, a Polícia Militar não tem efetivo para garantir policiamento dentro das UPAs. Ficou estabelecido que a PM realizaria rondas com mais freqüência próximo aos postos de saúde.

Além disso, seria estabelecido um canal direto entre polícia e postos. Os gerentes de cada unidade ficariam com os telefones dos comandantes dos batalhões e deveriam acioná-los em caso de perceberem tensão entre os pacientes.

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