Desde o início de 2010 até 1º de maio, a dengue já matou 321 pessoas no Brasil. Na história do país, esse número só é menor do que o registrado em todo o ano de 2008, quando a doença vitimou 478 pessoas. Os dados, divulgados pelo Ministério da Saúde, incluem os óbitos confirmados e os que ainda estão em investigação.

Os números do governo mostram ainda que este já é o ano com o maior número de casos. Foram 737 mil até agora, com 321 mortes. Com isso, 2010 contribui de forma decisiva para a pior década da dengue na história do Brasil.

Entre 1991 e 2000, foram 1,66 milhão casos da doença, que provocaram 41 mortes. Já entre 2001 e maio de 2010, a dengue afetou 4 milhões de brasileiros e causou 1.927 mortes.

Esse avanço do número de mortes é preocupante, segundo Giovanini Coelho, coordenador geral do Programa Nacional do Controle da Dengue, já que poderiam ser evitadas.

– O número de óbitos deveria ser bem menor, tendo em vista que eles podem ser evitados. Com um diagnostico precoce, você consegue mobilizar a rede de serviços para atender [o paciente].

Por que os surtos voltam?

O ministério diz que a atual epidemia da doença pode ser explicada, em parte, pela circulação do tipo 1 da dengue, que voltou a predominar em alguns Estados no final de 2009. No entanto, há outros motivos que justificam o aumento na gravidade do problema.

Para o infectologista José Carlos Serufo, professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), existe uma série de erros no atual modelo de combate à dengue.

– Não é falta de dinheiro. O que falta é coordenação, porque as ações são muito municipalizadas e não acontecem ao mesmo tempo. Não se trata de verticalizar, mas de trabalhar um único momento em todos os lugares, ou os criadouros se expandem.

O Ministério da Saúde disponibilizou, como Teto Financeiro de Vigilância em Saúde (TFVS), a quantia de R$ 1,02 bilhões para todo o ano de 2010 – o mesmo valor desde 2008. A verba é repassada a Estados e municípios para o combate de diversas doenças, em especial as de notificação obrigatória, como meningite, malária, doença de chagas, febre amarela e dengue. Segundo o governo, não é possível precisar o quanto foi efetivamente gasto no combate à dengue, já que a aplicação dos recursos fica a critério de cada Estado e município, conforme o cenário local.

Além dessa quantia, mais R$ 55 milhões serão investidos no combate à dengue, que se traduz no envio de inseticidas, medicamentos, equipamentos, veículos de fumacê, campanhas publicitárias, entre outros.