O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) já negocia um novo aporte de recursos do Tesouro para 2011, confirmaram ao jornal O Estado de S. Paulo fontes do governo federal. O valor ainda não está definido e a tendência é de que o empréstimo seja menor que o feito neste ano, mas uma estimativa considerada “otimista” aponta para R$ 60 bilhões.

O objetivo é fazer uma transição “gradual”, reduzindo o tamanho do BNDES à medida que o mercado de capitais se recupera e frutificam os esforços para estimular a entrada dos bancos privados no financiamento de longo prazo. Mas a avaliação, hoje, é de que uma saída abrupta prejudicaria os investimentos. “Há um arrasto de projetos já aprovados neste ano que precisam ser cumpridos”, disse uma alta fonte do governo.

O tema é polêmico por causa dos subsídios embutidos nesses empréstimos. Para repassar dinheiro ao BNDES, o Tesouro aumenta seu endividamento, pagando juros de 10,75% ao ano (taxa Selic). O banco estatal cobra TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) nos seus empréstimos, que é de 6% ao ano. A diferença é paga pelo contribuinte.

O Tesouro emprestou R$ 27,5 bilhões, R$ 100 bilhões e R$ 80 bilhões ao BNDES em 2008, 2009 e 2010, respectivamente. O total já chega a R$ 207,5 bilhões. Nos dois últimos anos, foi uma maneira de combater a crise, que secou o mercado de capitais. Graças a esses recursos, o BNDES se agigantou.

O banco estatal emprestou R$ 137,9 bilhões em 2009, incluindo R$ 25 bilhões à Petrobras (até mesmo a estatal recorreu ao BNDES). Em 2007, esse valor estava em R$ 64,9 bilhões. De janeiro a julho deste ano, foram R$ 72,6 bilhões. Mesmo antes da crise e do dinheiro extra do Tesouro, os empréstimos do BNDES já vinham crescendo, para atender aos projetos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento