Tendo como cenário um dos prédios históricos mais bonitos da cidade, a Casa de Cultura Luiz de Albuquerque (ILA), que teve toda a fachada pintada e iluminada, o Auto de Natal deste ano levou centenas de pessoas a ocuparem as seiscentas cadeiras instaladas na praça da República. Quem não conseguiu um lugar ficou em pé mesmo para não perder a encenação que revive o momento do nascimento do menino Jesus.

Olhares voltados para o alto e da sacada do prédio, a primeira cena, quando o arcanjo Gabriel anuncia à Maria que ela ia dar à luz o filho de Deus. Uma árvore falante que narrava a história encantava as crianças tanto no público como em cena. As alunas da Oficina de Dança, que representavam borboletas como manifestação da natureza no momento do nascimento de Jesus, não puderam se conter com o recurso cênico que parecia estar vivo bem pertinho delas.

Um momento mágico para crianças e adultos que acompanharam toda a trajetória do casal Maria e José, que tiveram que se abrigar numa manjedoura ao fugir da perseguição do rei Heródes. E neste cenário simples é que nasce o menino Jesus trazendo outros personagens para a cena, entre eles, os três reis magos. Para anunciar o momento, os sinos centenários da igreja Matriz Nossa Senhora da Candelária repicaram em sinal de festa.

Toda a encenação foi acompanhada pela música da banda Manoel Florêncio e do Coral Cidade Branca, além de participações de artistas locais como a cantora Lucinha Philbois e da pequena Brenda que encantou com sua voz e a desenvoltura ao violão.

Para Maria Auxiliadora Santos, que foi ao espetáculo acompanhada da família, todas as cenas do auto foram comoventes, porém ela destacou como sendo a que mais lhe tocou, o nascimento de Jesus. Esse mesmo momento foi o que mexeu com os sentimentos de Luzia Cavassa. Ela disse ao Diário que esta foi a primeira vez que assistiu à apresentação natalina do auto e que ficou encantada. “O casal com a criança que representa o menino Jesus recém-nascido no colo, achei maravilhoso”, frisou Luiza que foi ao espetáculo junto com outras moradoras do Asilo São José.

Também do asilo, Maria Zenira Martinez da Silva, afirmou que assistiu pela primeira vez a representação. “O Natal é uma data muito importante, sempre nos remete à família”, lembrou a senhora. Presente na encenação, o padre Celso Ricardo da Silva, pároco da Igreja Matriz Nossa Senhora da Candelária que aproveitou para reforçar o verdadeiro sentido do Natal.

“Nessa época temos a palavra de alegria, palavra de paz, palavra de amor. Estamos vendo esse momento tão lindo onde os corumbaenses estão reunidos após esse auto de Natal. É mais uma vitória: vitória do amor, da paz, daquilo que o anjo anuncia, essa boa nova, que nasceu para nós o Salvador e daí temos que mudar a nossa vida”, orientou o sacerdote.

Reflexão

O prefeito Ruiter Cunha de Oliveira assistiu ao auto na companhia da família e lembrou que o final de ano sempre traz reflexões e o desejo de nos tornarmos seres humanos melhores. “Esse espetáculo transmite serenidade, tranquilidade, solidariedade, irmandade, enfim, é fazer com que o espírito de Natal esteja presente de fato em nossas vidas. Acho que isso é importante: exteriorizar um pouquinho desse sentimento bom e que isso se contagie e possa estar influenciando nas decisões de nossa vida para o ano que vem, que a gente consiga que esse espírito não fique somente no Natal, que seja um momento de paz, harmonia e solidariedade durante todo ano de 2011”, desejou o prefeito.

Para Carlos Porto, diretor-presidente da Fundação de Cultura e Turismo do Pantanal, as atividades natalinas, que começaram no dia 09, com a inauguração do Jardim de Natal, trazem uma maneira singular do corumbaense festejar a data.

“A representação do nascimento do menino Jesus é a demonstração que Corumbá tem um Natal diferente, faz um Natal diferente e caminha para paz, para o bom viver, para boa convivência dos povos fronteiriço (Brasil-Bolívia) e outras etnias que aqui vivem e por aqui passam. É muita alegria pra todos nós celebrar o Natal em praça pública”, destacou.

Ao longo dos últimos anos, o Auto de Natal vem ganhando mais público e já se tornou uma tradição na cidade, como ressaltou a superintendente da Fundação de Cultura, Heloísa Urt.”Acho que não pode mais parar, sempre vai ter um grupo de teatro, de circo, que vai fazer o auto.

Qualquer administração que venha deve incentivar para que tenha o auto de natal”, disse ao lembrar que o auto é uma chance para reunir conhecidos e novos talentos da cidade.