O governador André Puccinelli (PMDB) declarou voto no presidente da Câmara Federal, Michel Temer, para a presidência da Executiva Nacional do PMDB. A convenção está marcada para o dia 6 de fevereiro, mas uma ala ligada a oposição vai acionar a Justiça contra a realização nesta data. O PMDB de MS, porém, como o Midiamax informou, nesta manhã, não vai participar da briga judicial.

André não só disse que votará em Temer como adotou a postura de um cabo eleitoral. “No dia 6 de fevereiro vou votar no Michel. … Michel, Michel …”, repetiu, nesta manhã, durante entrega de máquinas motoniveladoras a prefeitos no interior do Estado no pátio da governadoria.

A declaração de André indica que ele, realmente, pode ter fechado um acordo com a cúpula nacional para não criar obstáculos à aliança do PMDB com o PT que tem a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff como candidata à presidência da República.

Michel Temer é do grupo que defende a aliança do partido com o PT. Ele, inclusive, é cotado para ocupar a vaga de vice na chapa da petista. O deputado está licenciado da presidência do partido e quer se reeleger para mostrar que tem força para se lançar à vice-presidência da República.

Após a manifestação pró-Temer no evento público, André adotou o silêncio sobre a definição de alianças. “Sobre política só falo em 31 de março”, respondeu todas as vezes que foi questionado sobre as eleições.

André também foge das perguntas sobre a manifestação do prefeito de Campo Grande, Nelsinho Trad (PMDB) favorável à eleição de Dilma Rousseff.

Ao discursar reforçou que só pretende falar de política em 31 de março porque quer trabalhar pelo Estado.”Alguns que estão ociosos estão falando [sobre política], não é o meu caso”, disse.

Até aqui o governador nunca mencionou qualquer nome que pudesse apoiar à presidência da República. Ele se limita a responder que aguarda os desfechos nacionais.

O acordo

O apoio de André a Temer pode ser uma confimação de que ele, de fato, não está disposto a criar embaraços para a aliança com o PT se consolidar. O grupo pró-Dilma precisa obter a aprovação da aliança na convenção nacional prevista para junho.

Neste mês, informação veiculada pela Revista Veja aponta que André teria chegado a um entendimento com o ala pró-Dilma. “Puccinelli poderá fazer a aliança que quiser e terá apoio da direção nacional do PMDB. Em troca, votará a favor da aliança pró-Dilma no diretório nacional. A fórmula pode se repetir em outros estados”, afirmou o colunista Lauro Jardim.

Quando questionado sobre tal acordo, André mencionou que a notícia não passava de especulação. Mas, hoje, sua manifestação a favor de Temer trouxe à tona a possibilidade de o entendimento ser verdadeiro.

Aflição dos aliados

O adiamento da definição política de André só faz aumentar a angústia de antigos aliados como PSDB, DEM e PPS que se uniram no chamado BDR (Bloco Democrático Reformista).

O grupo que busca o apoio de André para o presidenciável tucano José Serra considera tardia a data de 31 de março para tratar das alianças. Cansado das cobranças, o governador chegou a mandar um recado indireto aos aliados para que colocassem “a tropa na estrada” se não quisessem esperar.

Se não se entender com André, o bloco vai lançar candidato próprio ao governo do Estado. O nome mais cotado para concorrer ao posto é o da senadora Marisa Serrano (PSDB). A tucana assegura que entraria na disputa para não deixar Serra sem palanque no Estado.