Adolescente não se arrependeu de matar o padrasto
A mãe e dois irmãos negaram que tenham sido agredidos pela vítima, como alegou o garoto para justificar o crime
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A mãe e dois irmãos negaram que tenham sido agredidos pela vítima, como alegou o garoto para justificar o crime
O garoto de 15 anos que matou o padrasto a golpes de foice no dia 27 de fevereiro, afirma não estar arrependido. O adolescente insiste que matou por estar cansado de ver a mãe e os filhos serem espancadas pelo padrasto.
A delegada Maria de Lourdes de Souza Cano, da Deaij (Delegacia de Atendimento à Infância e Juventude), conta que no dia 27 de fevereiro de 2010, por volta das 18h30, João André Dos Santos, chegou em sua casa embriagado e iniciou uma discussão com seu enteado, de 17 anos. Na ocasião, João apoderou-se de uma foice e passou a ameaçar e agredir todos que estavam na residência: os três filhos legítimos dele, um de 13, 11 e 9 anos e outro enteado de 15 anos.
O enteado de 15 anos, tomou a foice e começou a bater na perna, braços, costas e cabeça de João, causando-lhe a morte.
O autor do homicídio estava escondido na residência de um amigo, no bairro Taquarussu.
O adolescente justificou a morte do padrasto alegando que, por volta das 18h de sábado (27), João chegou em casa embriagado e passou a bater em seus filhos legítimos. Segundo relatos do adolescente, ele estava com o irmão de 17 anos brincando no quintal com um pedaço de pau em forma de lança e que João passou a incomodá-los, chamando-os de “porcos” e dizendo que o “PCC” iria pegá-los. Foi quando João tomou a lança da mão do menino e passou a tentar agredi-lo na região das pernas e, como não conseguiu, passou a agredir o seu outro enteado, foi quando tomou a lança de João e entrou em luta corporal com ele, um tentando enforcar o outro, até que o padrasto desmaiou.
O enteado disse que João foi deixado desacordado, no interior da casa, enquanto o outro enteado saiu a procura dos irmãos menores, filhos legítimos, que tinham saído correndo para pedir socorro ao pai. Logo que o padrasto acordou o enteado acertou diversos golpes em João e por último na cabeça e pescoço. Ao ver João no chão, jorrando muito sangue, o enteado colocou os dedos em seu pescoço para confirmar a morte do padrasto.
O infrator afirma que estava cansado de ver João bater em sua mãe e em seus irmãos, porém, todos negam terem sido espancados. Friamente e sem demonstrar qualquer piedade, o adolescente, disse que não se arrepende do que fez e que já pretendia matar o padrasto há cerca de um. Enquanto o enteado batia no padrasto, o filho mais novo de João pedia que o irmão parasse. Mas a resposta que o menino recebeu foi só uma: “eu não amo você e nem ninguém”.
A companheira de João, mãe do autor do crime, afirma que o relacionamento da família era normal e que João nunca havia espancado a esposa ou qualquer um dos filhos. Ela fala que não entende como a discussão chegou nesse grau. A mãe disse que o padrasto tentava impor limites e obediência em casa, e quando batia neles, raramente, era apenas para corrigi-los das desobediências e jamais espancá-los.
Os irmãos menores confirmaram que não foram espancados pelo pai na noite do crime. As crianças demonstraram bastante revolta com o caso, afirmando que o pai, antes de morrer, pediu desculpas ao enteado, implorando que este não o matasse, mas que obteve como resposta apenas: “agora não adianta mais pedir desculpas”.
O adolescente foi encaminhado à Unidade Educacional de Internação (UNEI), onde aguardará a conclusão das investigações e da instrução processual que, segundo a delegada Maria de Lourdes de Souza Cano deve ser concluída amanhã.
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