A coordenadora estadual de políticas públicas para as mulheres, Carla Stephanini disse ao Midiamax que o julgamento das quatro funcionárias da Neide Mota, médica anestesista que morreu no fim de novembro vítima de depressão e auto-medicamento, terá desdobramentos em âmbito nacional, pois provocará debate sobre os riscos que o aborto clandestino pode causar à saúde da mulher.
A defesa da psicóloga e três enfermeiras [ex-funcionárias] tenta levar o processo para a Suprema Corte.
Segundo Carla Stephanini, o tema polêmico provoca reflexão que deve sair da pergunta comum de ser contra ou a favor do aborto e permitir uma discussão sobre a realidade das mulheres no País onde ao menos 1 milhão delas utilizam a prática do aborto e 200 mil fazem curetagens.
Cerca de 70 mil mulheres morrem todos os anos vítimas de abortos malfeitos, segundo um relatório do Instituto Guttmacher, divulgado neste mês de outubro.
Segundo o relatório, o número de abortos vem caindo nos últimos anos, sobretudo no leste europeu, mas estes dados se referem sobretudo às intervenções feitas em países onde a prática é legalizada.
As últimas estatísticas são de 2003, quando foram registrados 41,6 milhões de abortos em todo o mundo, número menor que os 45,5 milhões de 1995.
Deste total, 19,7 milhões foram abortos clandestinos em 2003, menos que os 19,9 milhões registrados em 2005. (Com R7)