Lendas da seleção brasileira, Marcos Evangelista de Morais, o Cafu e Delma Gonçalves, a Pretinha, falaram sobre superação durante a palestra “Inclusão Social através do Esporte” realizada no auditório da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) em Campo Grande na noite desta quarta-feira (9).
Estiveram presentes a jornalista e palestrante, Mariah Morais, primeira mulher a comentar partidas de futebol na TV brasileira, senadora Soraya Thronicke (Podemos), diretor-presidente da Fundesporte (Fundação de Desporto e Lazer), Paulo Ricardo, chefe da Setesc (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura), Marcelo Miranda, presidente da FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul), Estevão Petrallás, presidente do Operário, coronel Nelson e reitor da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), Laércio Alves de Carvalho.
Durante o evento, também foram anunciados emendas parlamentares viabilizadas pela senadora Soraya, investimentos no futebol feminino e masculino do Operário, atuais campeões do Sul-Mato-Grossense. O auxílio financeiro também tem contrapartida do Governo do Estado.
Cafu, campeão na Copa de 1994, capitão da seleção no pentacampeonato mundial em 2002 e único jogador a participar de três finais da Copa do Mundo, discursou ao lado de Pretinha, pioneira e referência no futebol feminino brasileiro. A ex-jogadora atuou em quatro Copas do Mundo, quatro Olimpíadas com a seleção brasileira onde conquistou duas medalhas de prata olímpicas, marcando uma geração. Símbolo da luta pela valorização das mulheres no esporte, atualmente, Pretinha é auxiliar técnica do time feminino do Vasco da Gama.
Mesmo com a dificuldade que os dois ícones do futebol tiveram no início de suas carreiras, a superação e conquistas no futebol feminino são muito mais difíceis, principalmente na época em que Pretinha iniciou sua carreira.
“Comecei a conhecer o futebol feminino em 89, 90, um vizinho convidou para conhecer um time que disputava a liga amadora. Não tinha dinheiro de passagem, meus pais e tios me ajudavam, minha vida mudou. Quando fui jogar no Vasco, ali vi que o futebol poderia se tornar uma profissão. Não desisti dos meus sonhos e assim joguei em vários clubes e cheguei à seleção brasileira. Ainda há problemas, mas sinto grata honrada por ter ajudado no desenvolvimento do futebol feminino. Sempre me dediquei, o futebol me deu tudo, e ainda dá, são 32 anos, tive as oportunidades e fui aproveitando. Sempre dei meu melhor, dentro e fora de campo, posso dizer que tudo é possível, desde que ande de forma correta. Continue acreditando, respeitando, se dedicando, sem exclusão. O futebol dá oportunidades, mas não há mil maravilhas. A vida não é fácil”, disse Pretinha.
A ex-ponta do Brasil lembrou a imensa diferença em termos de dificuldades do futebol feminino em comparação ao masculino. Pretinha deu como exemplo o próprio Cafu, lembrando que para ele foi difícil entrar no futebol, porém, posteriormente ele deslanchou e viveu o cenário do futebol já consolidado, diferente da trajetória da ex-atleta. Pretinha lembrou que foi fácil entrar no futebol feminino, porém, difícil foi se manter no cenário que era precário na época.
O capitão de 2002 falou sobre sua trajetória. “Tive nove nãos, mas sempre tive certeza que queria ser jogador, ninguém poderia decidir por mim o que eu seria. Digo que, esteja preparados para as oportunidades. Busque ser o melhor naquilo que faz. Importante ser arrojado, não ter medo de vencer ou perder. Gastava três horas pra ir treinar do Jardim Irene até Itaquaquecetuba, durante um ano e meio. Nisso surgiu um amistoso contra o jr. do São Paulo. Vencemos por 2 a 1, fiz um gol e dei um passe. O treinador do São Paulo me chamou para período de testes de 30 dias. Fui aprovado em 15 dias. Além dos treinos, treinei sozinho, corria a noite com corredores. Tudo o que tenho, o que sou, devo aos meus pais, aos ensinamentos, por acreditarem em mim”, disse Cafu.
Investimentos
A senadora Soraya anunciou investimento de R$ 1,5 milhão em emenda parlamentar ao Operário, atual campeão estadual nas duas categorias. R$ 1 milhão será destinado ao futebol feminino e R$ 500 mil ao masculino. O secretário Marcelo Miranda também anunciou o apoio de R$ 850 mil no futebol feminino e masculino do Operário.
“Só o que eu quero, nós queremos aqui, investimento, e, acima de tudo, essa atenção ao esporte. O Mato Grosso do Sul e o Brasil inteiro precisa disso. E eu quero anunciar agora algo que a gente nunca imaginou, nunca investi no esporte durante esses sete anos de mandato, mas eu entendo que precisamos começar. Começando, conseguimos trazer os demais parlamentares. Destinando R$ 1,5 milhão de emendas para o Operário. Mas acima de tudo, R$ 500 mil para os homens e R$ 1 milhão para as mulheres. E eu vou começar pelo Operário e vou começar ajudando principalmente as mulheres. Espero que as empresas comecem de verdade a investir e patrocinar o nosso futebol e que os salários sejam iguais”, disse a senadora.
“Eu acredito no novo momento e com essa nova gestão da federação, com uma reorganização dos clubes e por um olhar especial dos nossos deputados, senadores, para ver a organização e principalmente a conscientização das empresas privadas, da importância do apoio do futebol”, falou Marcelo Miranda.
“Isso faz uma diferença muito grande, porque, infelizmente, o apoio que nós temos da iniciativa privada ainda é muito pequeno. Por uma série de questões que nós não vamos nem elencar aqui. Mato Grosso do Sul merece, para sairmos desse ranking, vergonhoso de ser o 26º estado federação no ranking da CBF”, disse o presidente do Galo, a respeito do futebol masculino.
“Nós temos uma seleção aqui, essas meninas estão com uma missão muito importante. Nós temos atletas de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, do Rio de Janeiro, São Paulo, Ceará, Pará, Mato Grosso, Bahia. e elas são capazes para isso, fazer com que o operário suba para a série B do Campeonato Brasileiro Feminino. Vamos apoiar essas meninas, sempre, vai ser portões abertos, não vai haver cobrança (3:11) de ingressos para que a gente possa incentivar essas meninas”, disse o coronel Nelson, sobre a equipe feminina.
O Brasileirão Feminino A3 2025 começa no próximo 25 e o Galo estreia no dia 27, contra o Operário (MT), no Estádio Jacques da Luz, às 16h. No dia 5 de maio, as meninas do Operário enfrentam o Vila Nova no Estádio Onésio Brasileiro Alvarenga, em Goiânia (GO), e, depois, duelam contra o CRESSPOM (DF), no Estádio Defelê, no Distrito Federal, no dia 10 de maio.

Ex-jogador Cafu, durante a palestra (Foto: Helder Carvalho/Midiamax)

Pretinha, ex-ponta da seleção (Foto: Helder Carvalho/Midiamax)

Senadora Soraya, Cafu e a jornalista Mariah Morais (Foto: Helder Carvalho/Midiamax)

Atletas do Operário (Foto: Helder Carvalho)

Presidente do Operário, coronel Nelson (Foto: Helder Carvalho/Midiamax)