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Esportes

Aos 85, Gonçalves já fez história no Corinthians e escolheu Campo Grande como morada

Parceiro de Pelé na Seleção Militar, ex-jogador mora na Cidade Morena há mais de 50 anos
Gustavo Henn -

Há 85 anos, no dia 1º de abril de 1940, nascia na cidade de São Caetano do Sul (SP) um garoto que realizaria grandes feitos no . Francisco Gonçalves Pereira, hoje aposentado, reside em há mais de 50 anos, local onde ele encerrou sua carreira de passagens pelo futebol paulista, sul-mato-grossense e argentino.

Volante ‘clássico’, ele esbanjava qualidade técnica com a bola nos pés, o que também rendeu uma convocação à Seleção Brasileira Militar. Na oportunidade, ele jogaria ao lado de, nada mais, nada menos, que o maior jogador de todos os tempos, Pelé.

Em entrevista ao Jornal Midiamax, prestes a comemorar mais um ano de vida, Gonçalves relembrou com muito orgulho sua história no futebol, desde quando, ainda pequeno, percebeu-se apaixonado pelo futebol.

Mais tarde, contudo, ele iniciaria sua trajetória no Nacional Atlético Clube, que disputava a elite do futebol paulista na época – joga atualmente a Série A2 do Campeonato Paulista. Após alguns anos na equipe, ele foi emprestado ao seu time de coração, o Corinthians, onde disputou 10 partidas antes de retornar ao Nacional.

Depois, enfrentou um desafio internacional: foi para o San Lorenzo, da Argentina, onde também passou pouco tempo. Ele seguiu para o São Bento de Sorocaba, onde ficou por vários anos, e depois veio para Campo Grande, onde jogou no Comercial e encerrou sua carreira.

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Ao lado do Rei

No auge dos seus 19 anos, Gonçalves estava na idade de servir ao exército e recebeu um chamado inesperado: defender a Seleção Brasileira. “Nessa minha época, o pessoal ia na Federação Paulista saber qual o jogador profissional que estava na idade do exército, sendo feita uma Seleção Militar“, explica.

Um ano após o Brasil se tornar campeão do mundo pela primeira vez, o futebol ganhava cada vez mais força no país e já contava com jovens promissores. Pelé, que já tinha mostrado ao planeta quem era na Copa do Mundo de 1958, na Suécia, estava no exército junto de Gonçalves, já que nasceram no mesmo ano.

“Somos da mesma idade. Eu jogava em um clube menor, ele já jogava no Santos, já tinha sido campeão do mundo, e nós fomos servir o quartel juntos, quando foi feita essa seleção”.

No time, Gonçalves explica que a grande maioria já era jogador profissional, o que auxiliou a conquistarem o título do Campeonato Sul-Americano Militar de 1959. A final foi disputada no , com vitória brasileira sobre a Argentina, por 2 a 1.

Além da inigualável habilidade com a bola nos pés do Rei, que dispensa comentários, Gonçalves destacou a parceria e educação de Pelé, que guarda até hoje com muito carinho.

“Ele era um amigão da gente, um cara muito bacana, merece o que ele foi, famoso. A gente teve muita alegria de estar com ele, um rapaz muito educado, de muita amizade conosco. Foi muito bacana essa passagem que tivemos com ele.”

Corintiano e sofredor

Gonçalves realizou o sonho de vestir a camisa do Timão (Foto: Helder Carvalho/Jornal Midiamax)

Dois anos após dividir o campo com o Rei, Gonçalves viveria a maior realização de sua vida, ainda que não tenha sido da melhor forma possível. Após conquistar certo destaque, ele foi emprestado ao Corinthians, seu clube de coração.

A passagem, no entanto, não foi a dos sonhos. Durou somente 10 jogos, com 4 vitórias, 5 empates e 1 derrota, sem marcar nenhum gol e nem conquistar nenhum título. Na época, o Corinthians enfrentava uma fase complicada em sua história, na qual teve um começo de Campeonato Paulista muito ruim.

Foram 7 derrotas nas 11 primeiras partidas, que fizeram a equipe lutar contra o rebaixamento na primeira metade do campeonato. O time, inclusive, ficou conhecido como “Faz-me Rir”, música de Edith Veiga que foi atrelada à má fase do clube.

Porém, nada disso foi suficiente para desmotivar ou entristecer Gonçalves, que realizava um sonho. Ele mantém a memória do período com muito orgulho, principalmente pela dificuldade de conhecer os jogadores do time de infância na época, com poucos meios de comunicação.

“Naquela época não tinha televisão, só tinha o rádio, a gente se ligava muito na rádio, então a gente conhecia os jogadores por figurinhas, comprava o álbum e colocava […] Quando eu fiquei sabendo que o Corinthians tinha interesse em mim, foi a maior alegria que tive na minha carreira“, conta.

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Mudança de planos e de camisa

Após passagens de menor expressão pelo San Lorenzo (Argentina) e Juventus (SP), além do grande período no São Bento de Sorocaba, Gonçalves teve um destino, no mínimo, curioso.

Já em 1973, com 32 para 33 anos, o volante veio para Campo Grande no início da do futebol mato-grossense – ainda antes da separação do estado, que só aconteceria em 1977 -, a convite para jogar no Operário.

Quando chegou à cidade, ficou hospedado em um hotel que contava com vários jogadores profissionais, mas que eram do rival Comercial. Antes mesmo de se apresentar ao Galo, os jogadores já falavam para Gonçalves que ele deveria, na verdade, jogar pelo Comercial, proposta recusada pelo ex-volante.

Empolgado para seu primeiro treino pelo time, Gonçalves foi ao Estádio Morenão para se apresentar, mas não contava que fossem descumprir o acordo firmado com ele.

“Aí quando me apresentei lá no Morenão, no Operário, o treinador falou para mim, ‘ah, você demorou muito, você demorou e eu tive que contratar outro volante‘”.

De volta ao hotel, Gonçalves explicou a situação aos jogadores do Comercial, que mais uma vez motivaram ele a acertar com o time. Sem contrato, ele aceitou a proposta, falou com os representantes do clube e assinou o contrato com a equipe em que viraria ídolo.

Tempo depois, ele ainda encontrou o técnico do Operário que o dispensou, que se mostrou muito arrependido do feito.

“Eu cruzei com ele um dia na cidade, aí ele falou, ‘eu dei uma mancada na minha vida, eu achei que você já estava velho, que você já não estava jogando tanto’. Ele achou que eu não estava jogando tão bem como jogava. Falei que a vida é assim mesmo, não deu certo aí, deu certo aqui no Comercial”.

Depois dos gramados

Mesmo depois da aposentadoria, Gonçalves se negou a se distanciar do esporte (Foto: Helder Carvalho/Jornal Midiamax)

Cerca de cinco anos atuando como jogador do Comercial, Gonçalves decidiu pendurar as chuteiras aos 38 anos. Mas nunca largou o futebol.

“Eu parei de jogar, e fiquei no Comercial uns 20 anos mais ou menos. No Comercial fui treinador da categoria de base, fui treinador do profissional, fui supervisor, só não fui presidente”, brinca.

A paixão pelo esporte fez Gonçalves se manter conectado mesmo após aposentado, e hoje, já desligado de funções oficiais, ele continua próximo aos esportes. Pelas manhãs, ele vai à Praça Esportiva Elias Gadia, onde ajuda com questões administrativas.

“Fico ali no escritório. A gente trabalha ali no escritório. Não mexo mais com bola. Fico só lá no escritório, organizando, esse é o nosso serviço aqui”.

Aos 85 anos, ele diz que não planeja nenhuma festa ou comemoração muito grande, apenas reunião com a família. No entanto, ele não esconde a grande alegria em relembrar seus momentos mágicos no futebol e em sua vida.

Ele também mostra muito carinho pela cidade de Campo Grande, que acabou virando sua casa, mas lamenta que o futebol sul-mato-grossense não viva tempos de glórias, como fora em sua época.

“É muito triste, porque cheguei aqui quando estava iniciando o profissionalismo. Um ‘Comerário’ era como o Corinthians e , Corinthians e São Paulo, era um clássico, o Morenão lotava. Hoje você vê que nem o Morenão é usado, a gente pouco sabe dos clubes que disputam o campeonato aqui, infelizmente a gente fica muito triste, o nosso futebol caiu bastante“, finaliza.

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