Humilhação do Brasil no 7 a 1 completa 10 anos em fase ruim da seleção após Copa América

Brasil jogou contra a Alemanha na Copa do Mundo de 2014 e teve uma derrota histórica e humilhante

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Seleção sofreu derrota histórica naquela Copa do Mundo (Rafael Ribeiro, CBF)

Em meio a duras críticas contra a seleção brasileira após a eliminação nas quartas de final contra o Uruguai, neste domingo (7), um momento ainda mais trágico para o Brasil completa 10 anos nesta segunda-feira (8): o fatídico 7 a 1 da Alemanha na Copa do Mundo de 2014.

O Brasil foi humilhado dentro da própria casa pela Alemanha, já que aquela Copa que aconteceu em terras tupiniquins. Além de perder a chance de fazer a final da competição, a seleção canarinho foi massacrada pelos alemães no fatídico dia que ficou conhecido como o ‘7 a 1’ – a maior derrota da história da seleção brasileira.

Entretanto, para alguns, esse dia foi um divisor de águas tecnicamente para o esporte. Outros pensam ser apenas mais uma fonte eterna de memes e uma mancha no futebol brasileiro. Para torcedores, é unânime que a seleção nunca mais foi a mesma daquela época.

“Esse jogo ficou horrivelmente marcado. Desde então que não confio mais na seleção brasileira pra jogar”, comenta uma torcedora. “Nunca mais assistir à seleção do mesmo jeito”, diz outro.

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David Luiz não segurou as lágrimas (Reprodução, Fifa)

Superação

Há anos envolvido no futebol sul-mato-grossense e atual presidente interino da FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul), Estevão Petrallas afirma que não é fácil esquecer um placar daqueles, mas que a seleção teve uma evolução de lá para cá.

“Nós estamos aí assistindo agora à Copa América e vendo que houve uma evolução nesse trabalho técnico. Então, com a esperança de brasileiro, eu acredito que esse legado tem sido esquecido. E nós estamos daquele placar pra cá, cada vez mais nos policiando para corrigirmos o nosso posicionamento e superarmos aquele fatídico 7×1”, opina ao Jornal Midiamax.

Derrocada

Já para o Coronel Nelson Antônio, presidente de um dos clubes mais tradicionais de MS, o Operário, o resultado daquela partida representa a deficiência e derrocada do futebol brasileiro. “Após essa derrota, a gente não teve praticamente mais sucesso no futebol brasileiro”, diz.

“[Passaram] vários treinadores, com várias convocações, mas a gente não vê mais a dedicação; o amor dos jogadores pela seleção brasileira, aquela vontade de jogar pela seleção brasileira, vestir a camisa amarela, amarelinha”, reflete o presidente do Operário, atual campeão estadual.

Para ele, a última grande geração de jogadores foi a que trouxe o pentacampeonato para o Brasil, em 2002 – justamente quando o Brasil venceu a Alemanha e faturou o título.

“Depois de lá, infelizmente, os jogadores não são mais jogadores de futebol. Ou são ‘youtubers’; influencers. Bola mesmo que é bom, não jogam mais. Se preocupam mais com o cabelo do que com a preparação técnica e física”, opina ao Jornal Midiamax.

Desastre pontual

Já o presidente do Costa Rica, André Baird, defende a seleção e opina que o 7 a 1 foi mais um ‘desastre esportivo pontual do que o ápice de uma suposta sucessão de erros de gestão no futebol do Brasil’. Baird está a frente do CREC, que foi campeão estadual 2023 e desponta na Série D do Campeonato Brasileiro.

Ele relembra que durante a Copa das Confederações de 2013, o Brasil goleou a Espanha, que vinha de dois títulos seguidos (Eurocopa 2008 e 2012 e Copa do Mundo 2010). “Isso por si só também não significou de que estávamos fazendo tudo certo. No esporte o resultado é sempre o objetivo, mas nem sempre ele conta a história exatamente como ela é, seja na vitória ou seja derrota”, opina.

Para Baird, do ponto de vista de gestão e do ambiente de organização do futebol brasileiro, a lei do mandante em 2019 e a Lei da SAF de 2020 são melhores exemplos de eventos que podem ser classificados como divisores de águas no futebol brasileiro.

“Esses eventos aceleraram um processo de desenvolvimento do nosso futebol, e eu pessoalmente sou muito otimista com esse processo, porque ele traz mais profissionalização, compromisso com a gestão e visão de longo prazo pra quem dirige uma organização esportiva, como é o nosso caso com CREC”, afirma ao Jornal Midiamax.

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Seleção do Brasil naquela Copa do Mundo (Rafael Ribeiro, CBF)

Onde estão os personagens do 7 a 1 da Copa do Mundo?

Brasil

Talvez o personagem mais humilhado daquele 7 a 1, o goleiro Júlio Cesar se aposentou em 2018 enquanto defendia o Flamengo (o mesmo que o revelou). Atualmente, o ex-jogador é empresário e comentarista.

A imagem de David Luiz chorando rodou o mundo naquele dia. Depois de passagem pelo futebol europeu, o jogador atua como zagueiro no Flamengo. Já o lateral-esquerdo Marcelo retornou ao Fluminense em 2023 e segue em atividade depois de passagem multicampeã pelo Real Madrid.

Autor do único gol brasileiro no 7 a 1, aos 45 minutos do 2º tempo, Oscar defende o Shanghai Port, na China. O meia de 32 anos está há sete temporadas no futebol chinês. Já Luiz Felipe Scolari, técnico do Brasil na Copa de 2014, está sem clube desde a demissão do Atlético, em março deste ano.

Alemanha

Do lado alemão, a lista é maior. Autor do gol que abriu o placar no Mineirão, aos 11 minutos de partida, Thomas Müller, aos 34 anos, segue no Bayern de Munique e disputa a Eurocopa 2024 pela Seleção Alemão.

Aos 23 minutos, foi a vez de Miroslav brilhar. Entretanto, ele já pendurou as chuteiras, em 2016, pela Lazio, da Itália. Aos 46 anos, assinou contrato para treinar o Nürnberg, da segunda divisão alemã, na temporada 2024/2025. O ex-centroavante é maior artilheiro da histórias das Copas, com 16 gols.

Multicampeão pelo Real Madrid, Toni Kroos, de 34 anos, se destacou com dois gols naquele jogo. Kroos anunciou a aposentadoria como jogador ao final da temporada 2023/2024, coroada com mais um título da Liga dos Campeões. A última competição do craque como jogador profissional foi a Eurocopa 2024, na Alemanha.

Autor do quinto gol alemão no Mineirão, aos 29 minutos, Sami Khedira se aposentou em em 2021, aos 34 anos, pelo Hertha Berlim. Já André Schürrle, que também marcou dois no massacre, se aposentou precocemente aos 29 anos em 2020, pelo Spartak Moscou. Ele estava lesionado.

Técnico Joachim Low está sem clube desde a saída da Seleção Alemã, em 2021. O treinador ficou no cargo por 15 anos.

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Brasil após a derrota (Rafael Ribeiro, CBF)

A cara do Brasil

Naquele jogo que se tornou histórico, o Brasil começou como de costume: no ataque, tentando empurrar o adversário para a sua área. O time só pecava na troca de passes, com alguns erros, o que permitia aos alemães recompor a marcação e se posicionar melhor em campo.

Passado o sinal de pressão, que não durou mais do que cinco minutos, a Alemanha tomou conta do jogo. Com uma seleção poderosa, muito bem armada, a Alemanha ainda foi beneficiada por uma partida completamente atípica – em que eles jogaram de maneira espetacular, sim, mas o Brasil esteve irreconhecível. 

Os gols alemães foram saindo então em série: Müller, Klose, Kroos (dois) e Khedira fizeram os 5 a 0 do primeiro tempo. Na segunda fase, Schuerrle, que substituiu Klose, fez mais dois e levou o placar a 7 a 0.

Oscar diminuiu para o Brasil, no finalzinho, com um gol de honra. A Alemanha venceu por 7 a 1 e foi para a final de uma Copa do Mundo. Ao Brasil, restou a disputa do terceiro lugar, em jogo contra a Holanda. O choro de David Luiz naquele dia repercutiu e se tornou a cara do Brasil da ocasião.

Com os ânimos lá embaixo, a seleção brasileira, comandada por Felipão, levou 3 a 0 dos holandeses. O algoz do Brasil enfrentou o principal rival dos brasileiros, a Argentina, e levou a Copa daquele ano por 1 a 0.

“Não é a primeira vez que decretam o nosso fim”

A CBF publicou um vídeo motivacional nas redes sociais frisando que a seleção brasileira masculina vai se reerguer. “Não é a primeira vez que decretam o nosso fim, mas acredite: nós vamos voltar a vencer”, diz o post.

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