A boxeadora italiana Angela Carini desistiu após apenas 46 segundos de luta nas oitavas de final do boxe feminino até 66kg nas Olimpíadas de Paris. Sua adversária, a argelina Imane Khelif, havia sido reprovada em um teste de gênero em um campeonato mundial no ano passado, mas atendeu aos requisitos para os Jogos Olímpicos.

Carini desistiu imediatamente após levar um soco no nariz. No início do primeiro round, a boxeadora italiana levantou as mãos e anunciou sua desistência. “Não é justo” ela disse ainda no ringue.

“Sim, eu disse que não é justo. Não é certo desistir de uma Olimpíadas, mas não cabe a mim julgar. Não sou ninguém para julgar Imane. A verdade é que não sabemos nada sobre minha oponente, exceto por uma coisa: ela não tem culpa. Ela é uma mulher que está aqui para fazer as Olimpíadas, como eu. Quem sou eu para julgá-la? Não depende de mim, cabe aos outros fazê-lo”, disse a italiana.

Sobre não ter cumprimentado sua adversária, ela pediu desculpas. “Eu estava errada. Saí do ringue cheia de raiva. Nunca terminei uma partida sem cumprimentar minha adversária. Peço desculpas a Imane por não me despedir dela”.

‘Eu tentei lutar’

Ela afirmou que está com o coração partido, mas com a cabeça erguida. “Eu lutei. Eu tentei lutar. O ringue é minha vida, e nunca tive medo e não tive medo hoje. Sou uma boxeadora muito instintiva e disse a mim mesma imediatamente: ‘Algo está errado’. Eu senti aquele golpe, me machucou. Foi muito ruim, eu não conseguia mais respirar”, relatou.

Para ela, aquela seria uma batalha perdida. “Eu nunca fui derrotada por nocaute e até hoje eu nunca tinha saído de um ringue antes do final da luta. Eu sou uma guerreira, mas às vezes até as guerreiras, quando veem que a batalha está perdida, enfiam suas espadas na terra e se rendem”.

Segundo o teste em que sua adversária teria sido reprovada para participar de um campeonato mundial, promovido pela IBA (Associação Internacional de Boxe), seriam consideradas elegíveis a disputa feminina as lutadoras que apresentassem cromossomos XX.

Por sua vez, o COI (Comitê Olímpico Internacional) afirmou ainda que a atleta sempre esteve dentro dos parâmetros estabelecidos pelo COI, pela Unidade de Boxe de Paris 2024 e competindo em disputas internacionais de boxe, incluindo os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 e o Campeonato Mundial da própria IBA.

O órgão também explicou que Imane Khelif tinham todas as normas médicas aplicáveis estabelecidas pela Unidade de Boxe de Paris 2024. Segundo o comitê, o gênero e a idade dos atletas são baseados em seus passaportes.

Com informações do UOL.