A reunião organizada pelos dirigentes de clubes de futebol de Mato Grosso do Sul federados na FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul) nesta quarta-feira (27), em Campo Grande, terminou com a convocação de uma assembleia extraordinária com objetivo de votar a deposição de Francisco Cezário do cargo de presidente da entidade, que ocupa há mais de 20 anos.

A principal definição foi a convocação de uma assembleia geral extraordinária, marcada para acontecer dia 7 de junho. As principais pautas são a deposição de Cezário do cargo e afastamento da atual diretoria, a nomeação de um interventor para a presidência e as alterações necessárias no estatuto da entidade.

Cezário está preso desde o dia 21 deste mês, em decorrência de  investigações do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), denominada “Operação Cartão Vermelho”, que indicam desvios de, ao menos, R$ 6 milhões do futebol de Mato Grosso do Sul nos últimos anos. Decisão da Justiça negou habeas corpus ao ‘dono da bola’ e o manteve na prisão.

Diversos outros dirigentes da FFMS também presos na operação. Confira aqui a lista de todos os investigados na operação Cartão Vermelho. Com isso, uma crise foi instaurada na instituição. Cezário, porém, só pode ser retirado do comando da federação se assim decidido pelos clubes com poder de voto e em assembleia extraordinária.

Justiça Desportiva pede afastamento de Cezário

O procurador de justiça desportiva de Mato Grosso do Sul, Wilson Pedro dos Santos, pediu à justiça desportiva o afastamento de Francisco Cezário de Oliveira como presidente da FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul), bem como a nomeação de um novo gestor por indicação da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).

No documento assinado na sexta-feira (24), o procurador considera que Cezário foi recolhido ao sistema prisional por força de decisão judicial, por participação de organização criminosa de desvio de recursos provindos de órgãos do Estado e da própria CBF.

E elencou que, mesmo preso, e afastado do cargo, ainda se encontra como comandante da Federação “estatutária e juridicamente, mormente porque a prisão então decretava foi na forma preventiva, estando a Entidade totalmente acéfala, sem presidente, para proceder às atividades inerentes e administrativas”.

Operação da Cartão Vermelho

O Gaeco deflagrou a Operação Cartão Vermelho na terça-feira (21) e prendeu o presidente da FFMS, Francisco Cezário, e outros quatro envolvidos no esquema de desvio e lavagem de dinheiro.

A hegemonia de Cezário, que já dura 26 anos, pode estar perto de acabar. Isso porque o estatuto da Federação prevê sanção de inelegibilidade de 10 anos aos membros da instituição em alguns casos.

A situação de Cezário se aplica no inciso V do artigo 53 do estatuto, que diz sobre o afastamento de cargo eletivo ou de confiança de entidade desportiva em virtude de gestão patrimonial ou financeira irregular ou temerária da entidade.