Berço de talentos, MS caminha lentamente para profissionalização do atletismo

Celebrado nesta segunda, Dia do Atletismo é palco para atletas que lutam diariamente para alcançar o pódio na modalidade

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Atletas abdicam de boa parte da vida para se dedicarem integralmente ao esporte. (Alicce Rodrigues, Midiamax)

Acordar cedo, pegar ônibus, treinar duas vezes por dia. Essa é a rotina para quem sonha diariamente com o pódio em Mato Grosso do Sul. Considerado um dos berços do atletismo, o Estado revelou nomes como o de Hávilla Vitória Soares Marinheiro, Yuri Moreira Benites, Yeltsin Jacques e outros.

Nesta segunda-feira (9), é celebrado o Dia do Atletismo, que volta os holofotes para diversos atletas em todo o país. Embora seja um dos berços do atletismo nacional, Mato Grosso do Sul caminha a passos lentos para a democratização e profissionalização do esporte.

Com isso, nem mesmo a romantização ao longo deste celebre dia é capaz de esconder as dificuldades vivenciadas para quem deseja viver do esporte em Mato Grosso do Sul.

Dificuldades são diversas para quem deseja viver do esporte

Daniel Senna é ex-atleta e hoje atua como treinador de atletismo do núcleo paraolímpico da Prefeitura de Campo Grande. Há 32 anos vivenciado o esporte, ele comenta que as evoluções aconteceram, mas ainda de forma vagarosa.

“Na minha época, nós tínhamos muitas dificuldades e hoje vemos algumas evoluções. Temos um local para treinar, as bolsas, coisas que não tínhamos, mas sabemos que ainda precisamos de muitos investimentos”, comentou o treinador.

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Daniel Senna é responsável pela preparação de diversos atletas em Campo Grande. (Alicce Rodrigues, Midiamax)

Para Senna, isso faz com que o esporte cresça ainda muito por iniciativa dos próprios professores e treinadores. “Não pode esperar pelo poder público, ficar de braços cruzados, tem que fazer. É uma luta”, complementou.

Quem deseja praticar o atletismo em Campo Grande pode procurar as pistas localizadas no Parque Ayrton Senna e no Centro Olímpico Rui Jorge da Cunha. Em uma delas está Aldri Gonzaga, de 19 anos, que promete carregar o nome de Mato Grosso do Sul por todo o país nos próximos anos.

Preparando-se no último dia de treino antes de uma prova, ele comenta sobre seu dia a dia e as abdicações que precisou ter para, hoje, ser um dos principais nomes do atletismo com cadeira de velocidade.

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Aldri Gonzaga se prepara para prova de 7km. (Alicce Rodrigues, Midiamax)

“Minha rotina é cansativa. Eu acordo 5h, tomo café e me preparo para pegar ônibus às 5h50. Venho treinar na pista agora cedo e volto para casa, depois descanso um pouco e vou para academia, onde fico cerca de três horas”, explicou o atleta.

Além da rotina frenética de treinos e exercícios, o jovem precisa conciliar estudos e rotina pessoal de casa.

O atletismo é para todos, sem idade ou renda

Um dos principais pontos do atletismo, assim como em diversos outros esportes, é a pluralidade em relação aos seus competidos. De olhos fechados para raça, sexo e idade, o único objetivo é o condicionamento físico.

“Não tem idade, às vezes a pessoa tem 15 ou 16 anos e acha que está velha para começar. Tem atleta campeão olímpico que começou com 22 anos, assim como aprecem crianças de 10 anos acima da média”, disse o treinador Senna.

Ele explica que aqueles que se interessam pelo esporte e desejam praticar ou até mesmo evoluir para um atleta de alto rendimento, podem procurar as fundações de esporte do município e do Estado. Onde serão orientados sobre os projetos realizados para cada modalidade.

Praticantes de atletismo utilizam pista no parque Ayrton Senna para treinar. (Alicce Rodrigues, Midiamax)

Apoios públicos para ao atletismo

De acordo com a Funesp (Fundação Municipal de Esportes), existe a oferta do auxílio-atleta a praticantes da modalidade, os quais podem solicitar ao município até R$ 5 mil reais para representar a cidade em eventos competitivos.

O recurso pode ser utilizado para custeio do transporte, hospedagem, alimentação e inscrição na competição pretendida.

Já a Fundesporte possui o Prodesc (Programa MS Desporto Escolar), que busca criar um vínculo entre estudantes e a modalidade, para que eles passem a conhecer e praticar o atletismo e diversos outros esportes.

Em nota, a fundação explica que treinamento esportivo é oferecido no contra-turno das aulas em instituições da Rede Estadual de Ensino. O foco principal é a iniciação, mas também visa à descoberta de talentos.

Hoje, o atletismo é ofertado em escolas de 74 municípios, nas zonas rural e urbana, além de instituições vinculadas a aldeias e assentamentos. Para participar dos treinos, o estudante basta estar devidamente matriculado e se informar na coordenação da escola.

Além disso, para aqueles que vivem do esporte, podem solicitar o ingresso nos programas Bolsa Atleta e Bolsa Técnico, para se dedicarem exclusivamente para a prática esportiva.

Assim, o programa atende 59 atletas, da categoria estudantil a máster, e oito técnicos do atletismo contemplados pelo programa de incentivo financeiro.

Por fim, aqueles que desejam se inscrever no Bolsa Atleta ou Bolsa Técnico devem acessar o portal do programa e realizar a inscrição. Vale lembrar que a seleção terminou em junho deste ano, mas serão reabertas em 2024.

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