Celebrado por políticos e líderes indígenas, Carlos Terena deixa legado de luta e comunhão dos povos tradicionais
Aquidauanense do distrito de Taunay morreu no sábado (12), vítima da covid-19, e foi sepultado hoje (14) em Brasília
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Vítima da covid-19 aos 66 anos, o aquidauanense Carlos Justino Terena foi sepultado no começo da tarde de hoje (14), no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília (DF), após uma cerimônia de despedida típica da etnia. Para o irmão Marcos Terena, Carlos deixa um legado de luta e de união dos povos indígenas.
“As conexões que o Carlos sempre procurou ninguém nunca fez no mundo. Ele deixou uma frase que a gente reproduziu na cerimônia: ‘eu sempre sonhei em reunir as diversas nações indígenas do mundo. Vivi, lutei e consegui’. E é verdade, é real, é verdadeiro. Tanto que muitos indígenas no mundo todo estavam fazendo orações pela recuperação dele”, conta Marcos.
Carlos Terena foi criador e coordenador dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas e dos Jogos Indígenas Brasileiros. Embora nascido no distrito de Taunay, ele vivia no Distrito Federal, onde fundou nos anos 1990 o Conplei (Conselho Nacional de Pastores e Líderes Evangélicos Indígenas).
Segundo Marcos, as competições idealizadas por Carlos Terena nunca foram “só reunir os índios, fazer uma dança”. “Nós nunca esquecemos as doutrinas e ensinamentos dos nossos avós. Sempre queremos mostrar em público, por isso criar os Jogos Indígenas, para incentivar os mais jovens a não perderem a cultura”, explica Marcos.
O irmão revela que Carlos Terena nunca gostou de hospital, onde ficou internado por aproximadamente duas semanas até não resistir à doença e falecer, na noite do último sábado (12).
Durante uma oração em língua terena na celebração de despedida, um companheiro indígena de Carlos prometeu continuar sua luta. “Porque o que você fez ninguém consegue fazer”, disse, contou o irmão Marcos.
Senador e ex-ministro do Esporte homenageiam liderança indígena
Parlamentares do Congresso Nacional prestaram homenagens a Carlos Terena nas redes sociais. O senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP) disse que o líder “deixou sua marca como ativista em demarcação de terras, além de ser um defensor da preservação da cultura, esporte e de todas as demais tradições indígenas”.
O ex-ministro dos Esportes Aldo Rebelo também recordou o aquidauanense. “Patriota e de grande talento executivo, deixa uma grande lacuna entre as lideranças indígenas do Brasil”, escreveu.
Outros líderes indígenas se manifestaram sobre a morte de Carlos Terena. Daniel Munduruku afirmou que recebeu “com muita tristeza” a notícia do falecimento do “grande irmão e guerreiro”.
Já Emerson Pataxó escreveu que os povos indígenas perderam um “articulador e defensor dos esportes tradicionais” e pediu “que os encantados o recebam com festa”.
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