Os moradores são os que pagam o preço alto

Parlamentares do Rio de Janeiro vão entrar com ação no Ministério Público estadual  contra a prefeitura do Rio, por negar autorização para fiscalização das obras do Parque Olímpico, que vai abrigar as disputas de 16 modalidades olímpicas e nove paralímpicas. Os vereadores Renato Cinco e Babá, e o deputado estadual Flávio Serafini, todos do PSOL, esbarraram duas vezes na tentativa de vistoria das obras.

O Consórcio Rio Mais, responsável por parte das obras do Parque Olímpico Rio 2016, informou que a liberação das visitas é coordenada pela prefeitura, e só quem tem autorização pode entrar no estabelecimento. Nas duas ocasiões, eles não apresentaram a autorização da prefeitura para acessar o local.

Flávio Serafini disse que a prefeitura não está deixando outra alternativa senão recorrer ao Judiciário. “No início da semana vamos entrar com a ação. Nós temos o direito de acessar áreas públicas para promover a fiscalização. O deputado disse que a comitiva quer ver se há desmatamento nas margens da Lagoa de Jacarepaguá e observar a pressão feita pela remoção dos moradores da comunidade de Vila Autódromo, na zona oeste da capital fluminense.

Segundo ele, cerca de dois terços da população da comunidade pode ser removida da área. “Há um projeto definitivo para ver se há necessidade de ter alguma remoção. Eles têm o direito de ficar”, argumentou.

Para o vereador Babá, a prefeitura vem exercendo pressão muito grande sobre os moradores da região. “Ainda restam mais de 100 famílias que se negam a sair. Os moradores mais uma vez são os que pagam o preço alto”, reclamou.

Morador da comunidade há 23 anos, Luiz Cláudio Silva disse que desde o início das obras, a vida dos moradores virou “um inferno”. Segundo ele, “não há nenhum respeito com os moradores. A prefeitura começou a fazer pressão psicológica, ameaçando os moradores e dizendo que não ia sobrar nada”.

As obras do Parque Olímpico estão com a terraplenagem finalizada e a pavimentação da via em fase final. No momento, está sendo executada a drenagem superficial (canaleta de bordo) e foi iniciada a execução dos jardins no acesso à instalação. Ainda resta a finalização dos mirantes e acabamentos de piso, iluminação e guarda-corpo. O local terá um quilômetro de extensão, com cinco mirantes e dois terraços.

O Parque Olímpico será composto por equipamentos permanentes (integrados ao Centro Olímpico de Treinamento após os jogos) e temporários (construídos para os Jogos e reutilizados em outros equipamentos depois dos Jogos). Ele terá 1,18 milhão de metros quadrados e 36 mil lugares disponíveis nos três pavilhões esportivos.

O Consórcio Rio Mais conta com um projeto ambiental de recuperação da faixa marginal de proteção da Lagoa de Jacarepaguá, que prevê reestruturação ecológica permanente do ecossistema nos limites do Parque Olímpico.

Segundo o consórcio, com a adoção do plano de recuperação é possível recriar um ecossistema equilibrado e diversificado na região. “Os novos manguezais ajudarão a melhorar a qualidade da água, a combater a erosão do solo e, com o tempo, serão criadas as condições para o reaparecimento da fauna”, de acordo com expectativa dos construtores. A conclusão final da implantação do projeto está prevista para o primeiro semestre de 2016.

Até a edição desta matéria, a prefeitura do Rio de Janeiro não respondeu à solicitação de posicionamento feita pela Agência Brasil.