Ela marcou dia para fugir e encontrar a liberdade
Uma história que poderia ter tido outro fim, um trágico, de boletim de ocorrência, como muitos que estamos cansados de ler e ver. Esta, no entanto, mas este teve outro fechamento, envolvendo conquistas e superação de uma mulher que marcou data para fugir do marido agressor.
Maria*, casou-se ainda na adolescência, com 15 anos, e pensando estar realizando um sonho acabou entrando em um verdadeiro ‘inferno’, como ela diz. As agressões começaram nos primeiros anos de casamento, “Eu era muito apaixonada, então me sujeitava a muitas coisas”, diz ela.
Além das agressões físicas como chutes e socos era também agredida verbalmente com palavras de baixo calão, “vagabunda”. Um homem que, segundo ela, era viciado em sexo e a obrigava a manter relações todos os dias com ele, e caso ela recusasse, Maria era colocada para fora da cama a chutes e com ofensas, “Para que eu tenho mulher, se não é para me satisfazer?”, indagava ele a esposa.
Com o passar dos anos, o amor como ela falou foi se deteriorando e deu espaço ao medo e repulsa. “Eu não aguentava mais aquela situação, mas tinha muito medo dele”, fala. O marido que andava armado tinha o costume de dar tiros ao lado de sua cabeça para intimidá-la.
O pai tentou resgatá-la um dia, mas Maria acabou voltando grávida de seu primeiro filho. Se as agressões cessaram? Não, elas só pioraram. Depois veio o segundo filho do casal, e no fim as crianças acabavam presenciando as brigas e agressões constantes entre os pais.
Data e hora para fugir
Cansada, marcou data e hora para fugir do marido. Meses antes planejou a fuga que teria sido marcada para o dia 14 de março de 2003. Quando o dia esperado chegou, Maria teve de furtar as próprias roupas e duas malas para sair de casa.
Ela foi embora com R$ 500 no bolso, deixando para trás a casa, que era de seus pais, e tudo que tinha construído até o momento. Os filhos estudavam em um colégio agrícola e passaram a morar com ela depois de nove meses de fuga.
Morando atualmente em Campo Grande, Maria tornou-se uma empresária bem sucedida, com duas empresas que sustentam a família. Mas, as marcas das agressões ainda assombram ela, que faz terapia para tentar se livrar do passado.
“Ou eu fugia ou eu morria”, fala. Ele nunca iria me deixar sair revela a mulher que hoje se diz realizada e feliz com a vida. O ex-marido, que era viciado em drogas, morreu há 7 anos depois de sofrer um AVC (Acidente Vascular Cerebral).
* A reportagem alterou o nome da personagem a fim de preservá-la.