Com 20 mil seguidores, ‘Veganas pobres’ mostram como comer sem crueldade e com economia
Perfil no Instagram é onde as campo-grandenses dão as dicas
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O veganismo, para quem não sabe, é uma dieta que exclui qualquer tipo de produto de origem animal e que também prioriza produtos que não explorem bichos. Se um produto de limpeza, por exemplo, testa seus componentes em animais, o vegano não o usa. E na alimentação, exclui qualquer tipo de laticínio, carne ou alimento que tenha animal em sua composição. Nem “peixe”, como muitas vezes eles costumam escutar.
Um dos apontamentos que a estudante e servidora pública Bárbara Almeida, e a publicitária Kassandra Delvizio costumavam ouvir sobre o assunto, é que “ser vegano é caro”. A dieta vegana muitas vezes inclui queijo de soja (tofu), cogumelos, castanhas e vegetais variados, o que, em comparação com produtos industrializados à base de carne, por exemplo, realmente podem parecer mais caros.
Mas elas queriam provar que a dieta vegana não é extremamente cara e sim praticável. “Kassandra e eu estávamos passando por um momento difícil de economia, e a renda semanal ‘bem fechada’ para colocar comida em casa era de R$ 50 por semana. Nisso paramos de sair para comer fora, por exemplo. Fomos economizando. E os amigos brincavam falando ‘parem de ser ‘muxibas”, e a gente respondia rindo: ‘Não somos muxibas! Somos veganas pobres!”, relembra Bárbara.
Para mostrar que alimentação saudável, veganismo e economia andam juntos, elas criaram o perfil no Instagram “Vegana Pobre”, que hoje, após receber apoio do maior site de veganismo do Brasil e segundo maior do mundo, o “Vista-se”, angaria mais de 20 mil seguidores. Por lá elas postam fotos de suas refeições, que hoje ocupam R$ 80 de seu orçamento semanal. É um festival de cores sob a forma de pratos que vão do tradicional arroz, feijão, “bife” de soja com legumes e salada, até strogonoff e arroz carreteiro vegano. Centenas de comentários marcam cada post, de pessoas interessadas em conhecer mais sobre a dieta ou mesmo compartilhando experiências pessoais.
Transição para o veganismo
Bárbara parou com o consumo de produtos de origem animal em março de 2014. “Eu já havia tentado ser vegana um ano antes, mas não cuidava da minha alimentação e acabei voltando a comer derivados durante três anos. Quando cortei e comecei a me alimentar melhor, emagreci 17kg. Eu cortei a gordura dos queijos e laticínios e emagreci sem perceber, mas com muita saúde”, relembra.
Para Kassandra, a transição foi diferente. “Tudo começou quando estava num restaurante e acabei conhecendo uma senhora na fila do self service. Ela disse que recentemente tinha ‘perdido’ uma irmã por conta de uma doença até então desconhecida. O diagnóstico só foi dado quando ela saiu do Brasil e foi para a França e informaram ser algo relacionando ao consumo de carne vermelha. Aquele momento de tristeza nos olhos da senhora me fez repensar no quanto eu estava sendo relapsa com a minha saúde”, relata.
Pelo fato de trabalharem, além de fazerem faculdade, elas foram adaptando aos poucos a rotina de preparar todas as refeições em casa, sem pesar na gordura ou no excesso de comidas processadas. Tudo fresco. “Hoje sigo com a certeza de que fiz uma escolha consciente, por saber a origem do que tem no meu prato ou até mesmo de que o produto que consumo é livre de exploração animal. Entender as consequências dos meus atos pensando num bem maior me incentivam a acreditar dia após dia no veganismo”, enfatiza Kassandra.
Escolhas econômicas
Além de mostrar a possibilidade de um cardápio totalmente sem carne, o perfil “Vegana Pobre” também mostra o quanto as escolhas no cotidiano impactam no bolso. “Nós fazemos um planejamento para não desperdiçar comida, nem dinheiro. Primeiro que a gente compra onde sabe que é barato. Segundo, se o tomate, por exemplo, está muito caro, a gente opta por fazer outra coisa, outro produto mais em conta. Outra coisa importante é, por exemplo, consumir primeiro o que estraga mais rápido, se você tem uma couve e uma cenoura, claro que a couve vai estragar mais rápido, então fazemos um cardápio baseado nisso”, indica Bárbara.
Apesar de serem extremamente regradas na alimentação, evitando comida gordurosa ou processada, Bárbara explica que o perfil não é “fitness”, como muitos que existem na rede social. “Nossa realidade é a do brasileiro comum, que faz feira no mercado, quer economizar na crise. E a gente não come só alface. Postamos nhoque, cachorro-quente, pão. O vegetarianismo aqui em Mato Grosso do Sul caba sendo mais caro se você quiser comer coisa embutida, super processada, calabresa, queijo, porque esses produtos na forma vegana não são produzidos aqui”, explica. Para elas, a alimentação não precisa ser cruel com outros seres, e pode ser econômica.
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