Mato Grosso do Sul completa duas semanas de suspensão da exportação de carne bovina aos Estados Unidos, após a ameaça do presidente Donald Trump de taxar em 50% os produtos brasileiros. Contudo, frigoríficos do Estado não registram redução na produção e seguem vendendo para o mercado interno e externo. A afirmação é do vice-presidente do Sincadems (Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados de Mato Grosso do Sul), Alberto Sérgio Capucci.
Segundo o especialista, não há expectativa de retorno dos compradores norte-americanos diante do tarifaço; entretanto, o mercado segue estável. Além disso, a produção e a exportação são direcionadas agora para mercados como a China, o Chile e países do Oriente Médio. “O preço do boi já está retornando ao viés de alta”, descreve.
Dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) indicam que a China concentra 49% do total embarcado de carne bovina pelo Brasil. Em junho, o volume adquirido pelos norte-americanos foi o menor desde dezembro do ano passado, mas as exportações totais de carne bovina brasileira tiveram o segundo melhor resultado do ano, beirando as 270 mil toneladas.
Arroba do boi
De acordo com a cotação diária da Scot Consultoria, o preço da arroba do boi para a China está em R$ 300, e R$ 295,50 sem impostos. Já segundo a cotação do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), o indicador do boi gordo é de R$ 292,65 à vista, uma variação de 0,29%.
Os números indicam estabilidade, já que os valores oscilavam entre R$ 296,50 à vista e R$ 300 a prazo na semana anterior, conforme o site Notícias Agrícolas.
Alívio para o consumidor?
A ameaça de tarifaço de Trump já começa a impactar positivamente o bolso dos brasileiros. Conforme o jornal O Globo, os setores de carne e frutas já registram queda nos preços no atacado. Entretanto, o café sofre valorização no exterior e volta a encarecer por aqui.
O pesquisador do Cepea, Thiago Bernardino de Carvalho, aponta que grandes frigoríficos, como a JBS e a Minerva, podem direcionar as exportações para unidades já instaladas em outros países, como Austrália, Argentina e Uruguai, mantendo a produção voltada ao mercado interno.
“Esse movimento intensifica os efeitos recentes de baixa de preço, com mais oferta e menor consumo, movimento sazonal nessa época do ano”, disse ao site Brasil 247.
Tarifaço
Mato Grosso do Sul exportou 282,2 mil toneladas de carne bovina em 2024, o que representa US$ 1,2 bilhão ou R$ 7,1 bilhões. Deste total, 49,6 mil toneladas foram destinadas aos Estados Unidos, ou seja, 17,6% da exportação total do ano passado. Em dinheiro, MS enviou R$ 1,3 bilhão (ou US$ 235 milhões) de carne bovina ao país norte-americano nesse período. Os dados estão disponíveis no sistema Agrostat, do Governo Federal.
Portanto, se Mato Grosso do Sul parasse de enviar carne aos Estados Unidos, no pior dos cenários, o prejuízo total poderia ser de R$ 1.312.843.403,45 ao ano. No entanto, o Governo do Estado apontou que deve procurar outros destinos para as exportações, mas reconhece que pode haver demora para escoar a produção. Além disso, uma das alternativas seria vender o produto no mercado interno, o que pode baratear o preço da proteína.
O início do chamado tarifaço, anunciado por Donald Trump, está previsto para 1º de agosto.
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