A compra do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB) segue adiante após decisão judicial
nesta semana. O juiz Júlio Roberto dos Reis, da 25ª Vara Cível de Brasília, negou o pedido de
suspensão liminar da transação, avaliada em cerca de R$ 3,5 bilhões.
A ação popular movida pelo presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília, questionava a
operação. No entanto, o magistrado entendeu que os argumentos apresentados, “não estão
amparados em prova robusta e idônea” que justificasse a interrupção do negócio.
O BRB anunciou em março a aprovação unânime por seu Conselho de Administração para
adquirir 49% das ações ordinárias, 100% das ações preferenciais e 58% do capital total do
Banco Master. A transação ainda aguarda aprovação final do Banco Central e do Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Para o CEO Daniel Vorcaro, que comanda o Banco Master desde 2018, a operação representa
o reconhecimento do trabalho de reestruturação e expansão realizado nos últimos anos. Sob
sua gestão, o banco realizou importantes aquisições, como o Will Bank, em fevereiro de 2024,
e o Banco Voiter, fortalecendo sua presença em diferentes segmentos do mercado.
Um novo protagonista no setor financeiro
A união do BRB com o Banco Master criará um grupo com aproximadamente 15 milhões de
clientes, R$ 112 bilhões em ativos, R$ 72 bilhões em carteira de crédito e mais de R$ 100
bilhões em captações, tornando-se um dos principais grupos financeiros de médio porte do
país.
O presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, destacou que a aquisição tem como objetivo
ampliar a atuação do banco em novos segmentos. “Este movimento vai fortalecer a nossa
governança e dar ao BRB acesso a recursos especializados de tecnologia, inovação e de
atuação nos setores de mercados de capitais, câmbio, middle e corporate e de cartão de
crédito consignado”, afirmou o executivo.
O que está em jogo
A aquisição do Banco Master pelo BRB é parte de uma tendência de consolidação no setor
bancário brasileiro, onde instituições de médio porte buscam ganhar escala para competir com
os grandes conglomerados financeiros.
O Will Bank, adquirido pelo Master em fevereiro de 2024, possui mais de 6 milhões de clientes,
com forte presença no Nordeste e foco nas classes C e D. Este ativo digital agora se tornará
parte do portfólio do BRB, ampliando sua capacidade de atendimento a diferentes segmentos
do mercado.
Para o mercado, a operação confirmou o valor das estratégias implementadas por Daniel
Vorcaro à frente do Banco Master. Em janeiro de 2025, o executivo havia anunciado um
aumento de capital de R$ 2 bilhões na instituição por meio da Master Holding, elevando o
patrimônio líquido do banco para R$ 6,8 bilhões.
“Com o aumento de capital, o banco busca expandir suas operações de varejo, especialmente
Credcesta e Will Bank”, explicou Vorcaro na ocasião, reforçando o foco na expansão do
segmento que atende o público de menor renda.
Próximos passos
A decisão judicial, embora não definitiva, permite o prosseguimento do processo de aquisição,
enquanto se aguardam as aprovações finais do Banco Central e do Cade. O presidente do
Banco Central, Gabriel Galípolo, já se manifestou sobre o caso, afirmando que a instituição
“não julga a conveniência da venda ou da compra”, mas sim a viabilidade econômica das
partes envolvidas.
Segundo o planejamento das instituições, as empresas manterão estruturas separadas, com
compartilhamento de governança e estratégias operacionais. Essa abordagem visa preservar
as características específicas de cada operação, potencializando os ganhos de escala e
eficiência.
A trajetória de Daniel Vorcaro à frente do Banco Master exemplifica como uma visão
estratégica pode transformar uma instituição financeira em poucos anos. Formado em
Administração com MBA pelo Ibmec, concluído em 2007, o executivo soube identificar
oportunidades de mercado e implementar aquisições que ampliaram significativamente a
presença do banco em diferentes segmentos.
Para os clientes das instituições, a expectativa é de ampliação no portfólio de produtos e
serviços, resultado das sinergias entre as operações do BRB e do Banco Master. O novo
conglomerado promete fortalecer sua atuação conjunta no mercado, oferecendo uma gama
completa de soluções financeiras para pessoas físicas e jurídicas, com presença nacional e
estrutura de governança compatível com o porte do grupo.