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Economia

Dólar fecha praticamente estável de olho em política fiscal

Dólar chegou a se descolar do ambiente externo e superou o nível técnico de R$ 5,80
Agência Estado -
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Agência Brasil

O dólar perdeu força ao longo da tarde no mercado doméstico, alinhando-se ao comportamento predominante da moeda americana no exterior, e encerrou a sessão desta terça-feira, 25, praticamente estável. Com mínima a R$ 5,7440, a divisa fechou cotada em R$ 5,7542 (-0,03%).

Pela manhã, o dólar chegou a se descolar do ambiente externo e superou o nível técnico de R$ 5,80, ainda ecoando temores de piora do quadro fiscal doméstico. A leitura do -15 de fevereiro, abaixo das expectativas, não teve papel relevante na formação da taxa de câmbio.

Como previsto, ontem à noite o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou o início de distribuição de dinheiro no programa Pé-de-Meia, voltado a estudantes do ensino médio, além da gratuidade para todos os medicamentos do Popular.

A perspectiva é que seja anunciada oficialmente amanhã a liberação de recursos FGTS para trabalhadores demitidos que optaram pela mobilidade saque-aniversário. Segundo fontes ouvidas pelo Broadcast, tal medida representará injeção de cerca de R$ 12 bilhões na economia.

Para o economista-chefe da corretora Monte Bravo, Luciano Costa, a alta do dólar pela manhã esteve relacionada ainda a ajustes de prêmios de risco à percepção de descuido do governo com a questão fiscal, dada a dificuldade de encaixar programas sociais como o Pé-de-Meia no Orçamento.

Há também preocupação com medidas de estímulo à economia, como a liberação do FGTS, em momento no qual o aperta a política monetária para diminuir as pressões inflacionárias, observa o economista.

“No fim da manhã, o dólar diminuiu bastante o ritmo de alta, com a moeda americana mais fraca no exterior após dados da confiança do consumidor nos EUA e a fala de Trump sobre tarifas”, afirma Costa. “Ao longo da tarde, o dólar acabou trocando de sinal aqui também, mas com uma queda bem modesta. Estamos vendo mais volatilidade nos últimos dias por conta da questão fiscal.”

Lá fora, o índice DXY – que mede o comportamento da moeda americana em relação a uma cesta de seis divisas fortes – operou em queda ao longo do dia. No início da tarde, pesquisa do Conference Board mostrou que índice de confiança do consumidor nos EUA caiu de 105,3 em janeiro (número revisado) para 98,3 em fevereiro, mais do que o esperado por analistas consultados pela FactSet (103,0). É o menor patamar em três anos.

Pela manhã, o presidente dos EUA, Donald Trump, havia informado que as tarifas sobre importação para México e Canadá entrariam em vigor na próxima semana, quando expira o adiamento de 30 dias À tarde, o conselheiro sênior para o comércio da Casa Branca, Peter Navarro, afirmou que as tarifas sobre os vizinhos “ainda estão em negociação”.

Além da perda de força da moeda americana lá fora, operadores observam que parte da recuperação do real a partir do início da tarde pode estar ligada à piora da avaliação do presidente Lula revelada por pesquisa CNT.

Segundo o levantamento, para 32% dos entrevistados, o governo do petista é “péssimo”, enquanto 12% avaliam a gestão federal como “ruim”. Somadas, as avaliações “péssimo” e “ruim” atingem 44%, um avanço de 13 pontos em relação ao levantamento de novembro de 2024.

Costa, da Monte Bravo, observa que, embora a eleição presidencial ainda esteja longe, os ativos domésticos já mostram sensibilidade aos possíveis desempenhos para o pleito, em especial a possibilidade de aumento de chances de um candidato da oposição, em tese mais comprometido com a austeridade fiscal. Há riscos de que, premido pela perda de popularidade, Lula adote mais medidas de estímulo à economia e piore o quadro das contas públicas.

“Cresce a pressão para Lula adotar uma agenda que diminua a percepção de risco fiscal. Já vimos que a agenda de estímulos faz pressão no câmbio, que pode voltar a superar R$ 5,80”, afirma Costa.

Em evento promovido pelo BTG Pactual, o sócio-fundador da JGP, André Jakurski, ponderou que as eleições presidenciais estão distantes, mas que o “rali eleitoral vai vir” em algum momento. “Não tenho certeza de quando vai acontecer, mas vai vir, porque existe demanda reprimida, principalmente dos estrangeiros, para comprar ativos brasileiros”, afirma.

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