Dólar cai e fica abaixo de R$ 5,70 com leilão do Tesouro e rolagem de linha

O dólar recuou na sessão desta terça-feira, 18, e voltou a fechar abaixo da linha de R$ 5,70, apesar do sinal predominante de alta da moeda americana no exterior. Além da valorização de commodities e da rolagem de US$ 3 bilhões em linhas pelo Banco Central, operadores afirmam que o real pode ter se beneficiado de eventual entrada de capital externo para renda fixa no leilão parrudo de NTN-B realizado hoje pelo Tesouro.
Outro ponto mencionado por operadores foram as informações sobre a primeira emissão externa de bonds do Tesouro em 2025. Foram vendidos US$ 2,5 bilhões em títulos, de uma demanda de cerca de US$ 6,5 bilhões. Empresas privadas estariam prontas para acessar o mercado externo, como no caso da Raízen, que pode levantar entre US$ 500 milhões e US$ 750 milhões.
Após oscilar entre máxima a R$ 5,7244 e mínima a R$ 5,6758, o dólar à vista terminou o pregão em baixa de 0,41%, cotado a R$ 5,6893 – ainda nos menor valor desde 7 novembro (R$ 5,6753). O real teve o segundo melhor desempenho entre as principais divisas globais, atrás apenas do peso colombiano.
“Não houve um gatilho específico para o real se valorizar hoje. Deve ter tido um fluxo grande de entrada de estrangeiros”, afirma o head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, acrescentando que a estratégia do Banco Central de promover rolagem de leilões de linha é positiva. “Ajuda a segurar o cupom cambial e aumenta o carrego da moeda”.
Pela manhã, o Banco Central vendeu oferta total de US$ 3 bilhões em leilão de linha com compromisso de recompra, com o objetivo de rolar linha com vencimento para 6 de março. O BC fixou como data de recompra dessa operação 2 de outubro deste ano.
Lá fora, o índice DXY – termômetro do comportamento da moeda americana em relação a uma cesta de seis divisas fortes – operou em alta firme e voltou a superar a linha dos 107,000 pontos, com máxima aos 107,123 pontos. O dólar também subiu em relação a maioria de divisas fortes e emergentes, embora tenha recuado na comparação ao peso mexicano e ao colombiano, dois pares do real.
As taxas dos Treasuries subiram em dia de dados fortes da economia americana e de declarações de dirigentes do Federal Reserve mostrando preocupação com o risco inflacionário que pode ser provocado pela imposição de tarifas de importação por Donald Trump.
O índice de atividade industrial Empire State, que mede as condições da manufatura na indústria de Nova York, passou de -12,6% em janeiro para 5,7% em fevereiro, resultado bem acima do esperado pelos analistas, que previam -0,5%.
Dirigentes do Fed reforçaram hoje que a política monetária está bem posicionada em um ambiente de incertezas e que não há pressa em retomar os cortes de juros. As atenções dos investidores se voltam amanhã para a divulgação da ata do encontro do Fed no fim de janeiro.
Para a economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli, o bom desempenho do real hoje, mesmo com a alta do índice DXY, pode estar relacionado ao avanço dos preços de commodities como minério de ferro e petróleo. “Moedas emergentes como o real tendem a se fortalecer com a valorização de commodities. Além disso, temos uma menor percepção de risco, o que pode ter trazido mais fluxo externo para cá”, afirma Quartaroli.