Incêndios em lavouras de cana-de-açúcar podem pressionar preço do etanol e açúcar em MS

A produção de cana-de-açúcar em Mato Grosso do Sul atingiu 27,3 milhões de toneladas até agosto de 2024

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(Foto: Divulgação/Biosul)

Os incêndios que devastam áreas de Mato Grosso do Sul preocupa o setor sucroenergético do estado, responsável pela produção de açúcar ou etanol a partir da cana-de-açúcar. 

Dos 35,7 milhões de hectares do território de Mato Grosso do Sul, 2,5% são destinados à produção de cana-de-açúcar, totalizando 903.305 hectares, segundo dados do Siga MS (Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio).

A área de cana-de-açúcar destinada especificamente para usinas no estado totalizou 647,9 mil hectares nas últimas cinco safras, detalha o Boletim Sucroenergético n° 8 do Sistema Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de MS).

Prejuízos

Segundo estimativa divulgada pela Orplana (Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil), o prejuízo causado pelo fogo em lavouras de cana Brasil afora é de cerca de R$ 800 milhões devido os efeitos dos incêndios na cana em pé, nas soqueiras e na qualidade ruim da matéria-prima. 

Até o momento são mais de 100 mil hectares queimados em áreas de cana-de-açúcar e áreas de rebrota de cana no país, ainda de acordo com a entidade.

O Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo e lidera as exportações globais no segmento sucroalcooleiro. Somente neste ano, as exportações de açúcar de cana bruto registraram mais de U$ 8,69 bilhões.

A entidade ainda afirma que, devido às perdas, a cana só vai conseguir rebrotar quando tiver água no solo, quando as chuvas chegarem. Ou seja, não são apenas as chamas que causam prejuízo, mas a falta de água, de chuva, também contribuem com as perdas.

Segundo o grupo financeiro multinacional Goldman Sachs, com a possibilidade de que o volume de cana-de-açúcar processada para álcool seja menor, os preços do etanol devem subir 10% até o fim da safra de 2024/2025, que termina em março.

 Usinas no estado

Mato Grosso do Sul tem 22 usinas sucroenergéticas ativas. Dessas, 10 são usinas mistas, que produzem ambos os produtos e 9 são destilarias de etanol de cana-de-açúcar. 

Além dessas, ainda há o projeto de implantação de nova usina de cana-de-açúcar para o nordeste do estado. 

O boletim ainda aponta que, de acordo com levantamento de agosto deste ano elaborado pela Biosul (Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul), o fechamento da produção de cana-de-açúcar atingiu 27,3 milhões de toneladas.

A expectativa é que a safra 24/25 chegue a 53,1 milhões de toneladas no estado. Não se sabe, ainda, o tamanho do prejuízo causado pelas chamas nas áreas de cana de MS. 

Produção

Em 2023, o estado consumiu 197.038.000 litros de etanol hidratado, enquanto a produção alcançou 2.546.881.000 litros, de acordo com a analista técnica da Famasul, Regiane Miranda.

A relação dos números resultou em um excedente de 2.349.843.000 litros, “evidenciando que a produção local é suficiente para atender à demanda interna”, diz a analista. 

Segundo ela, o volume excedente produzido pode ainda ser direcionado para demanda de outros estados e até exportação.

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