Diretor do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Christopher Waller considera improvável que o dólar perca a posição de moeda de reserva global ou a primazia no comércio internacional.

“Desdobramentos recentes que alguns alertaram poderiam ameaçar esse status, no mínimo, reforçaram-no, pelo menos até agora”, afirmou nesta quinta-feira, 15, em discurso durante evento na de Bahamas.

O dirigente ressaltou que a divisa norte-americana beneficia a economia mundial por representar uma forma de “segura e estável”, que fornece um denominador comum às trocas entre diferentes países. Assim, empresas e famílias enfrentam custos menores para as transações, de acordo com ele.

Waller minimizou a análise prevalente em alguns círculos acadêmicos de que o dólar será prejudicado pela fragmentação global, fenômeno que descreve a do planeta em diferentes e, por vezes, adversários blocos de comércio. Segundo ele, quase 60% das reservas mundiais estão denominadas na moeda americana, com o euro em segundo lugar com apenas 20%.

Ao mesmo tempo, a maior parte das reservas estão em Treasuries, cuja profundidade e liquidez apoiam a atratividade do dólar como uma reserva de valor, na visão de Waller. “Os adversários dos EUA têm poucas alternativas práticas ao dólar, uma vez que outras moedas de reserva proeminentes – como o euro, o iene japonês e a libra esterlina – são todas emitidas por aliados próximos dos EUA”, ressaltou.

No discurso, o dirigente não comentou perspectivas de política monetária ou o cenário econômico de curto prazo.

Sobre acordos como o do Brasil com a China

Christopher Waller minimizou a importância de acordos como o que o Brasil firmou com a China para realizar transações bilaterais com as moedas próprias, sem o uso do dólar. “Os analistas externos geralmente consideram estes acordos como simbólicos e, no máximo, estabelecem as bases para uma potencial utilização futura do yuan chinês em casos muito isolados”, afirmou.

Para Waller, uma série de fatores reduz a atratividade do yuan como um eventual moeda de reserva global. “Não é livremente trocável, a conta de capital chinesa não está aberta e a confiança dos investidores nas instituições chinesas é relativamente baixa”, citou.

Parcela de criptoativos no balanço dos bancos

O diretor do Federal Reserve afirmou ainda que considera inadequado que bancos eventualmente venham a ter uma parcela grande de criptoativos em seus balanços.

O dirigente disse ainda não ver razões para a emissão de um moeda digital de banco central (CBDC, na sigla em inglês) nos Estados Unidos.

Para ele, o instrumento não soluciona nenhum tipo de problema no mercado de pagamentos, então seria desnecessário. “As pessoas nem sabem o que é uma CBDC”, afirmou.