O que Itaú, Bradesco, Santander, BTG e outros bancos dizem sobre a alta do juro

Alta de 1 ponto porcentual da Selic, para 12,25%

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Foto ilustrativa/Agência Brasil

O comunicado do Copom, que além da alta de 1 ponto porcentual da Selic, para 12,25%, antecipa mais dois aumentos de igual magnitude, tira a troca de comando na autarquia dos holofotes, ao menos temporariamente, na avaliação do estrategista macro do BTG Pactual, Portfolio Solutions, Alvaro Frasson.

Para ele, o comunicado firme do colegiado de diretores do Banco Central (BC) é “positivo e importante” para a credibilidade da instituição, devendo afastar a desconfiança sobre a condução da política monetária no início do mandato de Gabriel Galípolo.

“Até 6 de maio, sabemos que a Selic será 14,25%”, comenta Frasson, referindo-se ao aviso de que em cada uma das próximas duas reuniões o Copom, salvo surpresas, vai subir os juros de referência em um ponto porcentual. Fica assim em aberto apenas o que o colegiado vai decidir na terceira reunião de 2025, marcada para 6 e 7 de maio.

O comunicado desta quarta-feira, avalia o estrategista macro, surpreendeu positivamente o mercado ao anunciar uma alta, parcelada em três reuniões, de 3 pontos porcentuais na Selic. “Foi a melhor decisão porque havia desconfiança se isso (um aumento desta magnitude) seria feito em momento de transição no BC”, comenta.

“O comunicado faz um trabalho positivo e importante para a credibilidade. Nisso, acerta e retira o BC dos holofotes. O debate nos próximos três ou quatro meses não é mais política monetária”, acrescenta Frasson.

Conforme o estrategista, mais do que um forward guidance – ou seja, uma sinalização dos próximos passos -, a mensagem de que o Copom antevê a repetição da alta desta quarta-feira é uma “certeza”, uma clara antecipação das decisões das próximas reuniões do comitê.

Frasson pondera que a credibilidade de Galípolo ainda terá que ser construída “reunião após reunião”, mas o comunicado já adianta um bom ambiente para os primeiros encontros do Copom.

Com a posição mais firme, o BC tem mais chance de reancorar as expectativas de inflação, mas, pondera o estrategista, será preciso também um arrefecimento da atividade econômica, ainda muito aquecida. Se esta reancoragem acontecer ao longo do primeiro trimestre de 2025, diz Frasson, talvez o BC tenha espaço para voltar a cortar os juros no fim do ano que vem, algo que o mercado vinha retirando do cenário.

Inter: ‘Há risco fiscal, mas BC está fazendo papel na política monetária’

A economista-chefe do Inter, Rafaela Vitória, considera que o Brasil passa por um risco de dominância fiscal, em que um Banco Central (BC) mais hawkish (rigoroso), com alta significativa de juros, pode não ser suficiente para reancorar as expectativas.

“Acho que podemos ver um impacto grande (da alta expressiva de juros pelo BC) na economia sem o benefício de controlar inflação caso o cenário fiscal continue se deteriorando, impactado pelo câmbio e por impulsos fiscais. Mas, ainda assim, o BC está fazendo o seu papel na política monetária”, afirma.

Segundo ela, o Copom foi “bastante duro, mostrando desconforto muito grande com a desancoragem das expectativas”. A expectativa do Inter era de alta de 0,75 ponto porcentual da Selic nesta quarta-feira, 11, mas o BC elevou a taxa em 1 ponto porcentual e ainda indicou mais duas altas na mesma magnitude.

Em um cenário alternativo, Vitória menciona que há risco de que o governo se torne “ainda mais expansionista do lado fiscal, para contrabalançar o ajuste monetário forte”, o que geraria juros altos, inflação acelerando e crescimento da economia desacelerando.

A expectativa da economista-chefe é de que o mercado reaja ao Copom com um ajuste no câmbio, de valorização do real. Na curva de juros, Vitória vê “um ajuste nas taxas de curto prazo – porque não havia expectativa de 3 altas de 1 ponto porcentual -, acompanhada de estabilização da parte mais longa da curva”.

Vitória pondera que o câmbio depreciado é decorrente da deterioração fiscal, mas também do cenário externo. Caso o internacional se torne mais benigno, com inflação externa convergindo para a meta e abrindo espaço para mais cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano), a tendência é de fluxo maior para emergentes, aponta.

C6 Bank: ‘Alta de juro sem fiscal contracionista deve manter inflação ainda elevada’

Uma Selic em 14,25% no próximo mês de março, conforme se comprometeu o Copom em seu comunicado da decisão de dezembro de elevar a Selic em 1 ponto porcentual, pode não ser suficiente para moderar a inflação no País. A avaliação é da economista do C6 Bank Claudia Moreno, que reforça que, para isso acontecer, é necessária, também, uma política fiscal contracionista.

“A nossa dúvida é em que medida essa política monetária vai ser suficiente para controlar os preços em um contexto em que a política fiscal tem sido expansionista. Na nossa visão, mesmo com alta de juros, se você não tiver uma política fiscal contracionista, a inflação deve permanecer elevada”, detalhou Moreno, em áudio enviado à imprensa.

Para ela, com a decisão desta quarta-feira, 11, não há dúvida de que o BC reconheceu que o cenário está mais adverso, e reafirmou o compromisso da autoridade monetária em cumprir com as metas de inflação.

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