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Economia

Estiagem pode afetar colheita do milho, responsável por 12,3% do PIB em Mato Grosso do Sul

Em 2023, alimento movimentou R$ 17,4 bilhões na economia sul-mato-grossense
Liana Feitosa -
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Milho (Montagem - Banco de imagens Canva).

Rico em proteínas, fibras, lipídios, minerais e amido, o milho é carro-chefe das comidas típicas do período mais frio do ano, inclusive “reinando” entre os pratos mais comuns nas festas juninas. Além disso, também é o principal cereal utilizado pela indústria de alimentação animal na produção de proteína animal, principalmente quando se trata da avicultura e da suinocultura. 

Além disso, o grão também foi responsável por movimentar R$ 17,4 bilhões no ano passado em Mato Grosso do Sul, correspondente a 12,3% do PIB (Produto Interno Bruto) do Estado. Não é à toa, portanto, que o milho tenha uma data dedicada a ele – 24 de maio, Dia Nacional do Milho.

Contudo, neste ano, a celebração tem sabor agridoce: produtores rurais seguem apreensivos sobre como a estiagem prevista pela meteorologia pode afetar a produção do grão.

Isso porque a meteorologia já confirmou previsão de chuvas abaixo da média histórica nos meses de junho, julho e agosto em Mato Grosso do Sul. De acordo com o Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de MS), os modelos climatológicos também indicam temperaturas acima da média histórica. Ou seja, o trimestre será mais quente e mais seco que o normal no estado.

Essa realidade, e as enchentes que devastam o Rio Grande do Sul, podem gerar mudança na produção de milho e de soja sul-mato-grossense. Um dos impactos esperados é aumento do preço desses produtos. O que gera um “efeito dominó”, levando ao aumento do preço de outros produtos como o óleo de soja e a carne, já que a ração usada na criação de proteína animal é obtida desses itens.

Milho na cadeia produtiva

De acordo com estudos da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), a participação do milho na formulação das rações destinadas ao gado pode chegar a 80% e representar até 40% do custo final, destacando a importância da cultura no desenvolvimento da produção pecuária.

É justamente o setor de alimentação animal o maior demandante do milho, consumindo 46% do total produzido. De acordo com projeto Siga MS (Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio), da Aprosoja/MS (Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul), do volume de 82,5 mil toneladas de milho produzidos em MS na última safra, 21% foi destinado à avicultura, 19% destinado à suinocultura e 2% à indústria.

Por que ‘safrinha’? 

Apesar de sua importância, a produção de milho não supera a de soja, que é a campeã em volume colhido no estado. De acordo com a entidade, essas duas culturas são complementares e feitas em rotação por motivos agronômicos, como estruturação física do solo, deposição de palhada, quebra do ciclo de organismos patogênicos e também por questões econômicas, já que o cultivo do milho na 2ª serve para diluição de custos da primeira safra, que é a de soja.

“Existe um Zarc (Zoneamento de Risco Agroclimático), documento criado e determinado pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), que indica qual o melhor período para semeadura das culturas de acordo com a localização, tipo de solo, condições e histórico climáticos e disponibilidade hídrica”, explica a Aprosoja/MS.

Por essa razão, e pelo tempo do ciclo de desenvolvimento, a soja é um cultivo de primeira safra e o milho de segunda. “Além disso, vale destacar que o termo ‘safrinha’ já é ultrapassado, uma vez que milho tem apresentado grande potencial produtivo e gerado bons rendimentos aos produtores em anos de safra cheia”, classifica a entidade.

Vantagens da produção de milho

Entre as vantagens para o cultivo do milho no estado está o fato de que o alimento se adapta ao clima temperado e tropical. Ele apresenta bom desenvolvimento em regiões com menores amplitudes térmicas, com mínimas de 15°C e máximas de 30°C e índices de precipitação que variam de 500 a 800 mm de água durante todo o ciclo, como é o caso de Mato Grosso do Sul entre os meses de junho e agosto. “Por isso, e pelo valor agregado do produto, é uma opção para o cultivo de segunda safra em áreas com boa fertilidade de solo no estado”, finaliza a entidade.

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