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Economia

Após 7 pregões de queda, dólar sobe 1,78% com ajustes e risco fiscal no radar

O mercado interpretou o movimento como um simbolismo de que as bases do governo federal estariam mais frágeis
Agência Estado -
Agência Brasil

A apreciação cambial vista nos últimos 7 pregões foi deixada para trás nesta sexta-feira, com o real tendo o pior desempenho entre as principais moedas de emergentes e exportadores de commodities. Apesar de na semana ter recuado 0,83%, o dólar à vista tocou máxima a R$ 5,52 hoje, devido à deterioração do cenário fiscal e político, principalmente de tarde, após o sindicato dos servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) convocar ato contra o comando da instituição.

O dólar à vista subiu ainda mais assim que o sindicato Assibge-SN convocou os trabalhadores a aderirem a um ato de protesto “contra as medidas autoritárias” do atual presidente do IBGE, Marcio Pochmann, marcado para a próxima quinta-feira, 26 de setembro.

O mercado interpretou o movimento como um simbolismo de que as bases do governo federal estariam mais frágeis, enquanto segue na missão de apresentar o relatório bimestral de receitas e despesas ainda hoje. Assim, o dólar à vista subiu 1,78%, a R$ 5,5209, perto da máxima de R$ 5,5239 alcançada pela tarde.

“A convocação do ato contra Pochmann acaba indicando uma degradação do governo até dentro de sua própria base, e não só da oposição. Isso pode gerar problema para que o governo passe emendas dentro do Congresso e do Senado. Então piora do mercado local não é tanto pela manifestação em si, mas mais pelo simbolismo que representa para o governo”, comenta Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora.

Para o economista, o mercado já tendia a fazer uma “correção da euforia da semana” que foi causada pelo corte de 0,50 ponto porcentual nas taxas do Fed funds feita pelo banco central americano na quarta-feira, mas hoje também há uma grande parte de “aversão a risco local”.

Além da nota do sindicato do IBGE, há incertezas quanto ao quadro fiscal do País, que tende a embutir risco nos ativos domésticos. “A discussão agora é essa, e a política monetária vai ser pautada no fiscal”, comenta Hugo Queiroz, sócio diretor da L4 Capital.

O Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO) informou que divulgará os principais pontos do Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias do 4º bimestre entre o fim da tarde e o começo da noite de hoje. Contudo, a apresentação tradicional seguida de coletiva de imprensa só deve ocorrer na segunda-feira.

“Governo está meio de calças justas. O fiscal está totalmente descontrolado. E o governo tem abacaxi grande para resolver, porque a briga era para cair juros, mas acabou que a Selic subiu”, acrescenta Velloni. Mais do que isso, o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) trouxe um tom mais hawkish (duro) do que o mercado esperava.

Segundo Rodrigo Brolo, analista da Criteria Investimentos, há um receio de nova alta de 0,50 ponto porcentual da Selic pelo mercado, fazendo com que fundos vendidos em taxa comprem futuros, provocando alta da curva de juros e, na esteira, fazendo o dólar subir. A divisa, segundo ele, também sobe influenciada pela escalada dos ataques israelenses ao Líbano.

O DXY, índice que mede a performance do dólar contra uma cesta de moedas fortes, subia 0,14% no fim da tarde, na casa dos 100,757 pontos, em razão, sobretudo, da alta de 0,92% da divisa americana em relação ao iene.

“O cenário interno é bem complicado quando se olha o endividamento do , então vai ser um pouco mais difícil termos um rali de Brasil em relação a outros emergentes”, segundo Velloni, da Frente Corretora. Para ele, uma âncora importante do País que atrapalha é a China, que tem “tido um ritmo de crescimento muito duro, e tende a pressionar o real”.

Hoje a segunda maior economia do mundo decepcionou parte do mercado, visto que o Banco do Povo da China (PBoC) manteve suas taxas inalteradas. Havia expectativa por um corte de juros e a percepção é de que o PBoC estaria pressionado pelas preocupações com a lucratividade bancária e o recuo do rendimentos de longo prazo, segundo avaliou a Capital Economics.

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