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Economia

Ao incentivar a agricultura familiar, aplicativo Mercado Solidário abre caminho para um MS autossustentável

Desenvolvido por professores e estudantes da UFMS, o aplicativo viabiliza a compra e venda de produtos da agricultura familiar
Lethycia Anjos -
Projeto Obcoop
Projeto Obcoop (Divulgação)

ocupa a 7ª posição entre os estados com maior produção agropecuária do país. No entanto, 85% dos produtos comercializados na Ceasa-MS (Central de Abastecimento) vêm de estados vizinhos, conforme a . Pensando nisso, professor da (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Alessandro Arruda, criou o ‘Mercado Solidário’, aplicativo que viabiliza a comercialização de produtos da agricultura familiar.

A ideia surgiu após Alessandro coordenar o projeto ‘Territórios da Cidadania’. Foi durante visitas a assentamentos e regiões rurais que ele entendeu que os principais problemas dos agricultores eram a comercialização, organização e o financiamento da produção agrícola. Assim, junto a uma equipe formada por acadêmicos, professores e técnicos, criou o ‘Mercado Solidário’.

“Nesse aplicativo, o produtor não precisa sair de seu local de produção, seja sítio ou horta, para negociar seus produtos. Disponibilizamos um meio digital para auxiliar na comercialização dos produtos da agricultura familiar e da economia solidária”, explica.

Com os produtos devidamente cadastrados pelos agricultores, o aplicativo promove a compatibilização da demanda por alimentos, facilitando a negociação de compra e venda. Inicialmente, o Mercado Solidário contemplaria apenas instituições públicas, como escolas que adquirem produtos para merenda escolar. No entanto, durante os testes, produtores relataram que também queriam incluir compradores privados.

“A intenção inicial era permitir que as instituições públicas, como escolas, que possuem demanda por alimentos da agricultura familiar e dentro do PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), pudessem utilizar o aplicativo para encontrar os produtores rurais diretamente”, destaca o professor.

Conforme o professor e coordenador do projeto, o aplicativo suporta mais de 20.000 requisições simultâneas. “Após testes, percebemos que o aplicativo é tão estável que pode ser utilizado por qualquer comprador, seja ele público ou privado”.

Projeto se adequou a realidade dos produtores

Em algumas áreas rurais de Mato Grosso do Sul, as barreiras físicas e sociais, como a falta de infraestrutura e as condições econômicas, dificultam o acesso à tecnologia. Por isso, ao desenvolver o aplicativo, a equipe precisou considerar todo o contexto no qual os produtores estão inseridos.

Alessandro explica que a escolha de um aplicativo para celular já foi uma solução pensada na realidade dos produtores. Durante visitas às áreas rurais, a equipe constatou que as plataformas de comercialização via internet não eram viáveis, pois muitos agricultores não tinham computador e encontravam dificuldades para transferir fotos do celular para um computador.

“Em outro aplicativo, conseguimos encontrar uma solução para criar ‘rascunhos’ no celular quando não há conexão de rede disponível, mas esse recurso ainda não foi implementado no Mercado Solidário. Vamos continuar avançando, apesar de estar ciente da expansão das redes de rádio e satélite por todo o país, especialmente em Mato Grosso do Sul”.

No aplicativo atual, o agricultor realiza todas as tarefas diretamente pelo celular com sistema Android instalado. O processo é rápido e simples, como demonstrado no tutorial abaixo:

Da terra à mesa

Crescer em contato com a terra foi determinante para que o professor Alessandro Arruda voltasse os olhares aos pequenos produtores. Neto de um agricultor familiar, ele passou a infância no meio rural e ali aprendeu a importância de fomentar a produção local. Desde que ingressou como professor da Esan-UFMS (Escola de Administração e Negócios), há 20 anos, trabalhou em projetos voltados ao tema.

“A agricultura familiar produz perto de onde se consome. Além disso, auxilia a fixar o homem no campo e nos ensina a amar a terra. Incentivar este setor e a cooperação é consumir melhores produtos, proporcionar trabalho, emprego e renda à população rural e de baixa renda e auxiliar na renovação das unidades produtivas.”

Para Alessandro, além de fortalecer a agricultura familiar, o projeto pode proporcionar melhor qualidade aos produtos consumidos, uma vez que sairão diretamente da produção agrícola para a mesa dos consumidores.

“Importamos 80% dos produtos de nutrição básica de outros estados. Somos grandes produtores de grãos, mas, geralmente, esses grãos não estão na nossa mesa do dia a dia. Comemos produtos que passaram por um longo tempo de estrada, algumas vezes em caminhões frigoríficos. Outras vezes, não”, enfatiza o professor.

Para ele, o aplicativo também abre caminhos para um Mato Grosso do Sul autossustentável, ou seja, capaz de produzir o suficiente para suprir a demanda por alimentos da população.

“Acredito que Mato Grosso do Sul tem potencial para ser um estado autossustentável. Isso depende do esforço conjunto da gestão pública e da iniciativa privada. Com boa coordenação e incentivo, acredito que é totalmente viável”, diz.

Observatório viabiliza cooperativismo e economia solidária

O aplicativo ‘Mercado Solidário’ integra o Obcoop (Observatório do Cooperativismo e da Economia Solidária), programa de extensão criado pela UFMS com intuito de coletar, registrar e armazenar dados e informações sobre o cooperativismo e economia solidária em Mato Grosso do Sul.

Conforme o professor, 172 pessoas de diferentes áreas passaram pelo programa, sendo 148 estudantes de graduação, oito técnicos, 12 professores e quatro contratados.

“Também temos um grupo de pesquisa que aguardam dados do observatório que possui 21 pesquisadores doutores e dois mestres. A cada semestre uma turma também ingressa neste programa. Observatório é da UFMS, por isso, qualquer curso, aluno, técnico ou professor pode se vincular”, ressalta.

O primeiro aplicativo desenvolvido pela equipe foi o Obcoop Coleta. Uma plataforma móvel, baseada no sistema operacional Android, criada para coletar dados de pequenos agricultores, unidades produtivas, grupos formais e informais, além de cooperativas de economia solidária.

Duas faculdades estão prioritariamente envolvidas no projeto: a Esan (Escola de Administração e Negócios) que abrange os cursos de administração, economia, contabilidade, processos gerenciais e turismo e a Facom (Faculdade de Computação), que congrega cursos como análise de sistemas, ciência da computação, engenharia de software e outros.

Além disso, há participação de professores do curso de engenharia de alimentos, técnicos da Proplan (Pró-reitoria de Planejamento), Proece (Pró-reitoria de Extensão) e do curso de Educação no Campo.

O lançamento oficial do aplicativo ocorreu na última sexta-feira (28), no Campus da UFMS em , a 140 km de .

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