A escassez na circulação de moedas já era um problema para os comerciantes de Campo Grande, mas tem se tornado um transtorno ainda maior, principalmente com o fomento de transações digitais, do pix ao cartão. Com isso, na hora do troco, comerciantes da Capital enfrentam desafios para não ter que retornar dinheiro com “balinha”.

Para driblar essa dificuldade, a criatividade dos empreendedores entrou em cena nos bairros de Campo Grande – seja com um brinde alimentício ou 5% de ganho em cima do valor total das moedas que você leva para trocar por cédulas, os estímulos são diversos para desencarcerar aquelas moedinhas esquecidas ou represadas.

No bairro Coophatrabalho, mais precisamente na avenida Florestal, a saída para uma conveniência foi dar bonificação de 5% em cima dos montantes de moedas que os clientes levam para trocar por notas.

“O mês de novembro e dezembro são os mais críticos para os clientes comprarem com moedas. Pensando nisso, o dono criou essa gratificação no final de 2022 para incentivar a troca. Um cliente trouxe R$ 500,00 em moedas para trocar por cédulas, com 5% em cima desse valor ele ganhou R$ 25,00”, disse o gerente da conveniência Multi Marcas, Cleber Borges, de 43 anos.

A adesão da medida no bairro foi grande e segue facilitando a rotina do comércio. “Os clientes gostaram bastante, não temos um valor mínimo e por enquanto a medida está vigente. Fez diferença no caixa, facilitou muito na hora do troco”, disse ele.

Solução encontrada em uma conveniência do bairro Coophatrabalho (Foto: Ranziel Oliveira / Jornal Midiamax)

Na avenida Júlio de Castilho, uma lotérica não oferece brindes, mas também faz a troca de moedas por cédulas, independe do valor. “Nós fazemos a troca de moedas por cédulas pelo valor que a pessoa trouxer. Sempre tem o cliente do cofrinho, feirantes ou as pessoas que trabalham com cópias”, disse o gerente da Lotérica Premium, Bruno Paiva Guedes, de 20 anos.

Em grau de importância, as moedas de menor valor comercial são as que mais estão na mira da lotérica. “Tem pessoas que vêm com R$ 100,00 e R$ 200,00, mas recebemos a partir de qualquer valor. Geralmente, quem traz um valor menor carrega moedas de R$ 0,05 e R$ 0,10, que são as que mais precisamos no hora de passar um troca de R$ 0,93 ou 0,94. Sem elas, o reflexo no caixa é grande, você tem que passar a mais porque não tem troco e ocorrem muitas quebras”, explicou.

Brindes que resolveram a falta de troco

Independe da região da Capital, o problema com a falta de troco é rotineiro e saber lidar com ele é um diferencial. No bairro Moreninha II, mais precisamente na Rua Anaca, a solução foi implementar os brindes.

“Fazemos isso há cerca de dez anos, inicialmente trocávamos por caixas de bombom, mas mudamos para os brindes fabricados na casa. Ele traz as moedas para trocar por cédulas e nós falamos para ele ir até a mesa de alimentos feitos no mercado e escolher um brinde”, disse a gerente do Supermercado Duarte, Sônia Mesquita Dias, de 36 anos.

Mesa de brindes com produtos alimentícios feitos no supermercado (Foto: Nathalia Alcântara / Jornal Midiamax)

No estabelecimento, a adesão para trocas tem sido massiva. “A gente não estipula muito valor, precisamos de moedas de R$ 0,05 e 0,10, elas fazem uma grande diferença. Tem cliente que vem trocar todo dia”, disse ela.

“A falta de moedas acaba atrapalhando no fechamento de caixa das meninas e às vezes dá quebra. Essa ideia surgiu por uma necessidade e o povo aderiu, ficou bom para os dois lados”, concluiu.

Soluções do Banco Central do Brasil

Conforme o BCB (Banco Central do Brasil), o entesouramento é o fenômeno de falta de circulação de moedas por estarem perdidas ou esquecidas. O entesouramento gera problemas como a dificuldade de emissão de troco no comércio e motiva a produção de novas moedas. Trazer moedas armazenadas de volta à circulação é atitude sustentável, pois economiza energia e minérios. 

O Banco Central sugere os seguintes procedimentos para os comerciantes que enfrentam dificuldade para obter troco junto aos bancos comerciais:

  1. Registrar pedido junto à gerência da agência do banco onde mantém conta;
  2. Contatar o serviço de atendimento aos clientes do seu banco, caso não tenha sido atendido;
  3. Comunicar-se com a associação de classe da qual sua loja faça parte. As associações poderão, então, comunicar ao Banco Central problemas generalizados para conseguir troco na sua localidade por meio do e-mail mecir@bcb.gov.br, para que o BC resolva o problema.

O Banco do Brasil, que, como custodiante, ajuda o Banco Central a distribuir numerário no país, mantém guichês de fornecimento de troco (moedas e notas de 2 e de 5 Reais) à população em algumas agênci​as. ​